"É unânime, mesmo por parte dos observadores internacionais que chegaram apenas dois dias antes das eleições, não houve um tratamento igualitário nesta campanha, não houve igualdade de oportunidade. Houve por parte de alguns órgãos, sobretudo os estatais, o privilegiar de uma candidatura que vocês conhecem", disse.
Em declarações hoje à imprensa, durante a apresentação da Nota Pastoral sobre as eleições gerais de 23 de agosto, o também arcebispo de Luanda sublinhou que a "pluralidade e o equilíbrio informativo manifestado por outros órgãos".
Deve haver "por parte de todos" um "esforço real de serem aqueles que procuram ser veículos de transmissão da verdade".
"O jornalista não é um ativista", apontou.
Porém, o arcebispo de Luanda enalteceu também algumas ações desenvolvidas pelos órgãos de comunicação social durante a campanha eleitoral, que "foram a todos os níveis animadores desse processo".
"Deram qualidade ao ato e ao processo eleitoral, ajudaram as pessoas a refletir sobre determinadas situações em muitos casos alertando determinadas situações pontuais e a isso devemos nos congratular", observou.
Os resultados provisórios das eleições gerais de 23 de agosto divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE) - que estão a ser contestadas pelos partidos políticos na oposição - dão a vitória ao MPLA, com 61% dos votos e uma projeção de 150 deputados (maioria qualificada), além da eleição de João Lourenço como próximo Presidente da República.
A Lusa noticiou a 21 de agosto que o Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA) considerou que os órgãos de comunicação social "tiveram uma atuação desequilibrada e parcial a favor do MPLA" durante a campanha eleitoral e que por isso "não cumpriram com o seu papel".
A posição foi assumida pelo secretário-geral do SJA, Teixeira Cândido, afirmando que a conclusão é fruto da monitoria que o sindicato fez aos órgãos de comunicação social e com os "maiores desequilíbrios" registados, disse, na cobertura da Rádio Nacional de Angola (RNA), Televisão Pública de Angola (TPA) e na televisão privada angolana TV Zimbo.
Concorreram às eleições gerais, as segundas nestes moldes, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).