Segundo uma nota do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), Sobrinho usou a Holdimo, uma sociedade que controlava e da qual era acionista maioritário, como veículo de investimento no Sporting Clube de Portugal SAD. Num primeiro momento, terá transferido cerca de 16 milhões de euros. A ideia original seria utilizar a verba para comprar o passe de jogadores para o clube e depois receber em troca uma percentagem da sua venda.
Porém, segundo o DCIAP, "essas transferências foram feitas a partir de contas do BESA domiciliadas em Lisboa, cujos fundos se destinavam a financiar a atividade do banco, mas que o arguido utilizou como se fossem seus".
Estes fundos foram depois convertidos em ações, sendo que, além dos 16 milhões de euros originais, ainda foram investidos na SAD do Sporting mais cerca de 4 milhões de euros, também oriundos do BESA. Assim, o arguido, através da sociedade arguida, passou a deter 29,85% do capital e direitos da Sporting SAD.
Verbas apropriadas do BESA
"Através das operações descritas na acusação, indicia-se que o arguido logrou encobrir o rasto das referidas quantias monetárias, fazendo-as passar por verbas obtidas de forma lícita, quando, na verdade, as havia obtido por apropriação de valores do BESA", aponta o MP.
Segundo a nota do DCIAP, emitida esta manhã de segunda-feira, foi deduzida acusação para julgamento por tribunal coletivo contra Álvaro Sobrinho, ex-administrador e presidente do conselho de administração do Banco Espírito Santo de Angola (BESA) e contra uma sociedade de participações e investimentos, com sede em Luanda, pela prática de um crime de branqueamento agravado.