Os dados avançados pela supervisora local do Programa de Nutrição, citada pela ANGOP, agência noticiosa angolana, indicam que desde janeiro morreram desnutridas 476 crianças, na maioria menores de 5 anos, representando um aumento de 190 óbitos comparativamente ao ano passado.
Cármen Catumbela revelou que foram diagnosticadas este ano 5.596 crianças com desnutrição, contra os 4.526 casos registados em 2024.
A responsável frisou que grande parte dos casos estão associados a outras doenças, como a malária, a principal causa de morte em Angola, e também o desmame precoce, a principal causa das mortes por desnutrição.
Os municípios da Caála, Huambo e Londuimbali lideram os casos de desnutrição, realçando a supervisora do programa que as autoridades têm intensificado as ações e sensibilização nas comunidades, sobretudo as rurais, para reverter este quadro.
“Infelizmente, verificamos que muitas famílias, apesar de disporem de alimentos variados colhidos no próprio campo, como tubérculos, abóboras, soja, leguminosas, vegetais e a criação de galinhas poedeiras, não reconhecem o valor nutricional desses alimentos nem as diversas formas de confeção, que maximizam o aporte de nutrientes para as crianças”, disse Cármen Catumbela.
No Huambo, existem 13 unidades especializadas de nutrição, localizadas em 11 dos 17 municípios que compõem a província.
O Inquérito de Indicadores Múltiplos e de Saúde (IIMS) 2023–2024, divulgado em maio deste ano, revelou que em Angola 40% das crianças menores de 5 anos apresentam desnutrição crónica (muito baixa para a idade), 5% desnutrição aguda (muito magra para a altura), 21% baixo peso (muito magra para a idade) e 3% sobrepeso (têm excesso de peso para a altura).
A publicação do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano concluiu também que, no que se refere ao aleitamento materno, 95% das crianças tinham sido alguma vez amamentadas, enquanto 33% das crianças de 0–5 meses eram amamentadas exclusivamente.