Em termos de sobrevalorização, o Kwanza apenas perde para moedas da Venezuela, Síria e Iémen, segundo esclarecimentos prestados hoje pelo governador do BNA, José de Lima Massano, que fez recurso a dados apresentados recentemente por uma instituição europeia que estuda a economia no mundo.
O governador, que falava na Assembleia Nacional, na sessão de discussão e aprovação do OGE/2018 na generalidade, lembrou aos deputados que o facto de ter vigorado o regime de câmbio fixo não significou uma redução de preços, antes pelo contrário houve uma queda acentuada das reservas internacionais líquidas do país.
“No final do ano passado registamos a queda das reservas na ordem de 33 porcento e mantendo-se as actuais circunstâncias e assumindo-se que a nível da receita tenhamos um comportamento muito semelhante ao de 2017 e a nível da despesa em moeda estrangeira se mantenha no mesmo ritmo, corremos o risco de no final deste ano registamos uma queda das nossas reservas em cerca de 50 porcento”, justificou Lima Mssano as razões da rotura com regime de câmbio fixo.
A alteração do regime de câmbio, enquadrada nas medidas de ajustamentos monetários e cambiais, que estão em curso no âmbito do Programa de Estabilização Macroeconómica (PEM) para 2018, visa tornar a economia angolana competitiva em relação aos outros países da região, segundo o governador.
A adopção destas medidas que exige nalguns casos sacrifícios, de acordo o gestor, constitui um exercício necessário que visa proteger a economia e proteger a sociedade e ao mesmo tempo parte do processo de torna-la mais competitiva.
Em função do regime de cambio flutuante adoptado dia desde dia 09 de Janeiro deste ano, o Kwanza já se desvalorizou 25 porcento em relação ao Euro e perdeu 18 porcento o seu valor para o Dólar. Hoje um Euro está ser cambiado a 248,77 kwanzas, enquanto cada Dólar está agora fixado em 203, 61 kwanzas.
No regime fixo, um Euro estava fixado em 188 euros, enquanto o dólar custava 166 kwanzas.
Protecção dos depósitos
Noutra vertente do seu esclarecimento aos deputados, Lima Massano referiu que o BNA decidiu ajustar em alta a taxa básica de juros de 16 para 18 porcento, com o objectivo de proteger os depósitos e também ter um melhor controlo sobre a liquidez na economia.
Em relação à disponibilização de mais crédito à economia, disse ser uma preocupação do Banco Central, mas há necessidade de se acautelar a disponibilização do crédito com uma boa margem de segurança, porque nesta altura o crédito em situação irregular está acima de 30 porcento.
Ao manter-se a este nível de crédito em situação irregular, alertou o governador, serão causados problemas mais complicados, que poderão pôr em causa a estabilidade do sistema financeiro angolano.