O posicionamento vem expresso no comunicado saído da sétima reunião ordinária do Conselho Presidencial da coligação, a segunda força política da oposição angolana, realizada hoje em Luanda, com a ausência de líderes de cinco dos seis partidos que compõem a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE).
Em causa estão denúncias de militantes destes partidos com alegações de que o presidente "terá desviado cerca de 15 milhões de dólares dos fundos" da CASA-CE "para benefício pessoal", bem como um processo que já deu entrada no Tribunal Constitucional, da autoria dos mesmos cinco partidos, sobre a forma como a coligação é dirigida.
No comunicado apresentado à imprensa por Lindo Tito, um dos vice-presidentes da Coligação, o Conselho Presidencial "reconhece que a CASA-CE vive um momento de crise interna, resultante das diferentes interpretações sobre a natureza dos propósitos e objetivos bem como a força legal e normativa dos seus estatutos".
"Reafirmar que a CASA-CE é uma força política democrática e aberta, cuja divisa é a unidade na diversidade, garantindo assim a existência de um contexto e ambiente de abertura e de debate interno", refere a nota.
Por isso, "repudia com veemência as falsas acusações" sobre eventual desvio de fundos da CASA-CE pelo presidente da coligação, classificando-as como "maliciosas" e que "apenas visam denegrir o bom nome do presidente Abel Chivukuvuku".
Os partidos Partido Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), Apoio para Democracia e Desenvolvimento de Angola - Aliança Patriótica (PADDA-AP), Partido Pacífico Angolano (PPA), Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA) e ainda o Partido Democrático Popular de Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA) são os subscritores da queixa enviada ao Tribunal Constitucional (TC), cujos líderes não compareceram nesta reunião realizada hoje.
Porém, a direção da coligação reafirma no comunicado "total disponibilidade em colaborar com o Tribunal Constitucional com vista ao esclarecimento das dúvidas e diferenças existentes entre os membros da CASA-CE".
"Reconhecer a legitimidade de todos os membros da CASA-CE que preencham os requisitos exigidos a concorrerem aos vários cargos incluindo o de presidente da CASA-CE devendo tal ser feito de acordo com a Constituição do país, lei dos partidos políticos e estatutos reitores da CASA-CE", acrescenta.
Contudo, o comunicado da reunião de hoje também assume "confiança incondicional ao legítimo presidente da CASA-CE" e expressa "profundo agradecimento a todo esforço pessoal, de natureza física, intelectual e financeira que tem desenvolvido ao longo dos seis anos de vida" da coligação, "que fez dela a força política que é hoje".
Na nota, o Conselho Presidencial "orienta ainda o presidente da CASA-CE a convocar o Conselho Consultivo Nacional com a devida urgência, com vista a convocação do Conselho Deliberativo Nacional nos termos dos estatutos da coligação".
Questionado pela Lusa se a assumida crise interna na coligação não coloca em risco a continuidade desta terceira força política angolana, Lindo Tito referiu que "as bases da CASA-CE estão sólidas" e que tudo será feito para que "não aconteça uma derrocada".
"Só aqueles que não acreditam que nós temos um propósito para Angola é que podem ter dúvidas sobre a continuidade da CASA-CE. Nós que temos um propósito, o presidente que tem propósito, tudo faremos para que a CASA-CE não viva um momento delicado que pode conduzir para a sua derrocada", apontou.
O Bloco Democrático foi o sexto partido a integrar a CASA-CE, em 2017, e não subscreveu a queixa-crime, tendo o seu presidente, e deputado à Assembleia Nacional pela coligação, Justino Pinto de Andrade, marcado presença na reunião desta quarta-feira.
Fundada a 05 de janeiro de 2012, a CASA-CE garantiu nas eleições gerais de 23 de agosto último 9,45% dos votos e a eleição de 16 deputados à Assembleia Nacional, o dobro face ao mandato anterior.