Aquele funcionário sénior da PGR, de 32 anos e há 10 ao serviço da instituição, morreu na quinta-feira, em Luanda, segundo a versão da Polícia Nacional, divulgada hoje, na sequência do capotamento da viatura de táxi em que seguia.
Contudo, após reunir-se hoje com os médicos legistas, russos e cubanos, na morgue de Luanda, o líder daquela coligação, terceira força política de Angola, veio a público afirmar que o sobrinho "foi assassinado".
"Descartam completamente a teoria que foi apresentada no início pela polícia, de que teria havido capotagem, eles acham que não houve. E neste momento, os indicadores é que teria sido morto por asfixia e depois um veículo pesado passou por cima dele", afirmou, em declarações aos jornalistas.
"Eles disseram que não é possível aquelas lesões num capotamento. É o veredicto que eles deram, portanto tudo o que a polícia está a dizer é aldrabice e seria bom que tivéssemos uma polícia para os cidadãos e não uma polícia para o regime", acusou ainda.
Abel Chivukuvuku assumiu a "tristeza" pelo momento familiar e por Angola.
"O nosso país ainda tem muito a caminhar, porque se aqueles que têm que investigar as insuficiências, as falhas, os crimes do nosso país são assassinados, então que país é que nós vamos construir", questiona.
Afirmou que Lucas Chissolokumbe Chivukuvuku era "investigador" da PGR, tendo "casos muito sensíveis" sob a sua responsabilidade e que "foi sendo ameaçado ao longo do tempo" e alvo de "tentativas de suborno".
"E foi isso causou a perda da vida", apontou, afirmando mesmo que o sobrinho desapareceu na quinta-feira, precisamente na véspera do dia em que "tinha como missão bloquear contas", num processo cujo teor o líder da CASA-CE não revelou.
Em comunicado enviado hoje à agência Lusa, já depois das declarações de Abel Chivukuvuku, a Procuradoria esclarece que o funcionário Lucas Chissolokumbe Chivukuvuku exercia a função de Oficial de Diligências nos serviços da PGR junto da área dos Crimes Económicos do Serviço de Investigação Criminal (SIC) de Luanda.
Contudo, esclarece ainda, as suas funções "não incluíam responsabilidades específicas para a investigação de crimes ou capacidade para determinar restrição de movimentos financeira no âmbito da instrução processual", afastando, na falta de mais elementos, "qualquer presunção de que a morte tenha como motivação uma eventual perseguição por razões profissionais".
"Todo esforço será envidado para o esclarecimento das circunstâncias em que o prematuro infausto ocorreu", refere ainda a PGR.
Abel Chivukuvuku promete levar o caso até às últimas consequências e desafia mesmo o Presidente da República, João Lourenço: "Ou se assume como um líder para a mudança, em todos os níveis da vida nacional, ou então será a mesma coisa e ele saberá que não terá futuro".