Em declarações à agência Lusa, o porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Alcides Sakala, confirmou esta alteração e lamentou os transtornos da decisão.
"O programa inicialmente previsto começa a sofrer algumas alterações, começam a surgir algumas dificuldades e ao que tudo indica o Governo angolano quer alterar aquilo que era o programa inicialmente concebido. A entrega estava prevista para o Luena, inicialmente. Mas já não será Luena, passou para amanhã [terça-feira] na cidade do Cuito, Bié", disse Alcides Sakala.
A cerimónia de enterro dos restos mortais do líder fundador da UNITA - que morreu em combate em 2002 - vai realizar-se a 01 de junho em Lopitanga, província angolana do Bié, anunciou anteriormente o atual presidente do partido, Isaías Samakuva, confirmando que os restos mortais exumados no cemitério municipal do Luena, a 31 de janeiro deste ano, são de Jonas Savimbi.
Já segundo Alcides Sakala, porta-voz e deputado da UNITA, não há explicações da parte do Governo para a alteração agora conhecida, realçando que estão a decorrer diligências para tentar perceber as causas desta alteração de fundo.
"Mas a nossa ideia, o nosso entendimento, é que se pretende tirar o impacto que se desejava no quadro das homenagens que as populações pretendem fazer no quadro deste programa das exéquias", indicou o dirigente da UNITA.
O porta-voz do maior partido da oposição angolana referiu que a cidade do Luena, capital da província do Moxico, leste do país, está nesta altura "sitiada", com a "presença de polícia antimotim nas ruas".
Para Alcides Sakala, a intenção é criar-se "um clima de intimidação", acrescentando que o programa inicial previa que logo após a entrega formal ds restos mortais do líder fundador da UNITA à família e ao partido houvesse uma paragem por alguns minutos no secretariado provincial da UNITA no Luena.
"Mas com este ambiente que se está a criar parece que já não haverá este programa", explicou Alcides Sakala, sublinhando que a partida agora da delegação e família será de Luanda para o Bié.
"Tivemos conhecimento hoje, ontem já se falava um bocadinho, mas hoje é que tivemos conhecimento, mas está-se a fazer diligências para entender o que é que está a acontecer para melhor entendimento desta alteração", frisou.
Questionado se a escolha da entrega dos restos mortais no Luena foi proposta pela UNITA ou pelo Governo, Alcides Sakala referiu que foi do partido, por razões históricas.
"A UNITA nasceu na província do Moxico, na localidade de Muangai, o doutor Savimbi passou ali a sua juventude e durante a luta de libertação nacional, portanto, Luena tem um simbolismo muito grande no quadro da história da UNITA desde os anos 60, por isso tínhamos solicitado uma breve paragem ali antes de prosseguirmos para o Cuito", disse.