Abel Chivukuvuku, que foi presidente da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), segunda força da oposição angolana, até fevereiro deste ano, disse ter-se reunido com cidadãos das províncias de Luanda e Bengo para recolher sugestões e propostas relativamente à sigla, bandeira, princípios, valores, ideologia, órgãos de direção, normas de funcionamento e de disciplina, tarefas imediatas e fontes de receitas, para a criação da nova organização política.
O novo partido, disse, terá como primeiro desafio a participação nas eleições autárquicas angolanas, as primeiras do país, previstas para 2020.
Em declarações à imprensa, Abel Chivukuvuku, que foi destituído da liderança da CASA-CE por alegada "quebra de confiança", disse que, desta vez, optou por realizar "um exercício de comparticipação de todos os cidadãos", o que é, no seu entender, "o indicador de que as modalidades são diferentes".
"Estamos a fazer de forma diferente, porque a experiência já nos indicou que nem todos os atores têm o mesmo propósito. Temos de construir o mesmo propósito, a mesma vontade, a mesma agenda e assim sermos úteis ao país", disse Abel Chivukuvuku, que foi substituído na liderança da CASA-CE por André Mendes de Carvalho "Miau", antigo vice-presidente da coligação.
Segundo Abel Chivukuvuku, o novo projeto político está na fase de conceção, que, "diferentemente do passado", vai começar com todos os cidadãos que querem fazer parte no processo.
Nesse sentido, o político, que recentemente chegou a estar internado e foi transportado para o exterior do país depois de diagnosticado com malária e insuficiência renal, disse que vai andar "de província em província", a começar pelo Huambo.
Instado a revelar pelo menos o nome do novo partido, Abel Chivukuvuku referiu que "será conhecido no momento próprio".
"Todos os cidadãos estão a participar, das províncias, do exterior. É um exercício conjunto que vai permitir que a nova força política represente nas suas características a vontade da maioria dos cidadãos", reforçou.
Num olhar sobre o país atual, Abel Chivukuvuku defendeu a realização de quatro grandes reformas, com a primeira a passar pela "mudança de mentalidades e da predisposição psicoemocional", para que os angolanos entendam que são eles que têm de construir Angola.
"Temos de fazer a segunda reforma, que é a constitucional. Enquanto não a fizermos, não haverá reforma do Estado. Temos de fazer a terceira reforma, que é o nosso conceito de serviço público. Hoje não existe serviço público, os governantes estão tecnicamente a olhar para si próprios e não para o país", avançou.
"E também temos de fazer a reforma sobre qual é a nossa perceção do papel do mundo nas nossas vidas. Enquanto não fizermos essas quatro reformas não poderemos construir um país sólido e, do meu ponto de vista, o partido no poder não está à altura de as fazer", acrescentou.
De acordo com Abel Chivukuvuku, a nova organização política, que tem como segundo desafio a participação nas eleições gerais de 2022, vai ser criada com recursos próprios, como já fez no passado, com a criação da CASA-CE, em 2012.
"Fizemos isso no passado, financiamos o surgimento da CASA. O mais importante não são os recursos, mas sim a disponibilidade, a vontade e a capacidade de protagonizarmos uma ideia nova, um projeto novo, um conceito novo, para Angola e para os angolanos. Isso é que é mais importante, os recursos surgem sempre", frisou.