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João Lourenço diz que troca de secretário-geral do MPLA "não tem explicação, nem tem de ter"

Post by: 29 Junho, 2019

O líder do MPLA e Presidente angolano considerou sexta-feira que a substituição do secretário-geral do partido, ocorrida no 7.º Congresso Extraordinário a 15 de junho, "não tem explicação, nem tem de ter".

Numa entrevista conjunta ao semanário Novo Jornal e à Televisão Pública de Angola (TPA), difundida na noite de sexta-feira, o presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), João Lourenço, também chefe de Estado angolano, comparou a saída de Boavida Neto e a entrada de Paulo Pombolo a uma substituição num jogo de futebol.

"Não tem explicação, nem tem de ter. É um jogo político. É como num jogo de futebol. As substituições visam reforçar a equipa e foi isso que se fez", disse João Lourenço, negando a existência de qualquer mal-estar com o ex-secretário-geral do MPLA.

Uma das leituras feitas pela imprensa angolana foi a de que Boavida Neto, numa entrevista ao semanário angolano Expansão, defendeu o legado do ex-chefe de Estado de Angola José Eduardo dos Santos, que deixou o poder em setembro de 2017 após 37 anos na presidência do país.

"Não me senti desconfortável. Sou frontal. Se não tivesse gostado teria dito [a Boavida Neto]. Foi uma substituição", insistiu, garantindo que outra das medidas tomadas no congresso, o aumento de 363 para 497 do número de membros do Comité Central do MPLA, não foi para diluir o peso da "velha guarda" do partido.

"Ninguém saiu, nem da velha guarda nem da nova guarda. Houve um rejuvenescimento do partido. Injetámos jovens, género e quadros. É um reforço na qualidade para os combates que estamos a travar, contra a corrupção e impunidade e pela diversificação da economia, e para os que vêm aí [eleições autárquicas previstas para 2020]. Estou melhor servido no Comité Central", sustentou.

"Aliás, foi a 'velha guarda', antes sequer de ser eleito Presidente da República ou líder do MPLA, quem mais escreveu a José Eduardo dos Santos a dar conta da necessidade de se começar a pensar na sucessão", contou

"Só houve 48 horas de polémica" com exéquias fúnebres de Savimbi

O Presidente desdramatizou sexta-feira as "48 horas" da polémica que antecedeu as exéquias fúnebres do líder histórico da UNITA, realizadas a 01 deste mês, defendendo que o que conta para a história é o "final feliz".

João Lourenço, lembrou que o Governo angolano apoiou o processo desde o início, quando, em meados de 2018, o presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Isaías Samakuva, o abordou nesse sentido.

"Não houve muita polémica. Só 48 horas. No fim do jogo, se se ganha, é o que conta. Ninguém vai querer saber se algum jogador se magoou durante a partida. Teve um final feliz. O que são 48 horas de desentendimento", afirmou o Presidente angolano, que se escusou a entrar em pormenores sobre uma eventual falta de diálogo entre Pedro Sebastião, de um lado, e a família e a UNITA, do outro.

Jonas Savimbi, cofundador da UNITA, em 1996, foi morto em combate em 2002, o que levou ao final dos 27 anos de guerra civil, e estava sepultado desde então no cemitério municipal do Luena, à guarda do Estado angolano.

Durante todo o processo que se seguiu, com a exumação dos restos mortais de Savimbi e com a confirmação do corpo através do ADN, as exéquias fúnebres, realizadas a 01 deste mês, estiveram em perigo de não se realizarem devido a desentendimentos entre o ministro de Estado e Chefe da Casa Civil da Presidência da República angolana, Pedro Sebastião, e a UNITA e a família de Savimbi.

Pedro Sebastião alegou que tinha ordens para transportar os restos mortais do Luena, capital da província do Moxico, para o Andulo, no norte da do Bié, e não para a capital provincial, Cuíto, onde se encontrava a família e todo o "Estado-Maior" da UNITA a aguardar pela entrega da urna.

O impasse só foi ultrapassado depois de Samakuva apelar a João Lourenço para ajudar na resolução do problema, o que só se verificou na véspera das exéquias fúnebres, que decorreram em Lopitanga, 30 quilómetros a oeste do Andulo, terra natal dos pais de Jonas Savimbi, numa cerimónia que contou com milhares de convidados.

Sexta-feira à noite, na entrevista, João Lourenço referiu também que a sua presença nas exéquias fúnebres de Savimbi nunca esteve perspetivada.

"Não podia acontecer. Nunca alimentámos tratar o caso como um funeral de Estado. Apoiámos sempre todo o processo", afirmou, recusando qualquer comparação com o caso do antigo general da UNITA Arlindo Chenda Pena ("Ben Ben"), a 13 de setembro de 2018, quando o corpo foi trasladado de um cemitério sul-africano e tratado em Luanda com "honras de Estado".

"Não há comparações com 'Ben Ben', que foi um general oficial das Forças Armadas Angolanas (FAA), Chefe do Estado-Maior Adjunto das FAA [depois da unificação dos exércitos governamental e da UNITA]. Era um homem de Estado e teve honras de Estado. Não tem comparação possível", sustentou João Lourenço.

O general "Ben Ben" morreu de doença na África do Sul em 1998.

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