Trata-se da terceira subida semanal desta cotação, informal, desde março, conforme rondas habituais realizadas pela agência Lusa no mercado de rua da capital angolana.
Na segunda quinzena de março, cada dólar chegou a ser vendido pelas 'kinguilas' de Luanda, como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas, a 34.000 kwanzas, mínimos do ano, ainda assim mais do dobro da taxa de câmbio oficial definida pelo Banco Nacional de Angola (BNA) e que está inalterada há um ano.
Na ronda realizada há uma semana pela Lusa, foi possível encontrar em Luanda quem vendesse nota de 100 dólar entre os 35.500 kwanzas e os 36.500 kwanzas, praticamente idêntico à semana anterior, cotação que hoje disparou para os 37.000 kwanzas.
Estes valores contrastam com o pico de 50.000 kwanzas por cada nota de 100 dólares dos primeiros dias de janeiro, no mercado de rua, mas, apesar das descidas desde então, mantêm-se as limitações no acesso a divisas nos bancos, inclusive nas contas em moeda estrangeira. A situação torna a venda paralela, para muitos nacionais e estrangeiros, a única forma de aceder a dólares ou euros em Angola.
A taxa de câmbio oficial cifra-se atualmente em cerca de 166 kwanzas (95 cêntimos de euro) por cada dólar, quando antes do início da crise das receitas do petróleo, ainda em 2014, era de 100 kwanzas.
As quebras consecutivas na cotação do mercado informal são justificadas no mercado informal com a falta de kwanzas suficientes para realizar as trocas, valorizando dessa forma a moeda nacional.
Angola tinha em circulação, em fevereiro, notas e moedas no valor de 435.659 milhões de kwanzas (2.420 milhões de euros), uma nova quebra mensal, de quase 3% e que se soma aos 10% retirados em janeiro, medida definida pelo BNA e que tem vindo a permitir a valorização da moeda nacional no mercado paralelo.
A atividade das 'kinguilas' foi condenada este mês pelo governador do BNA, advogando o seu fim: "Não podemos ter, no nosso país, determinadas ruas que definem a referência do preço, onde se vendem dólares ou euros. Não podemos ter este nível de fluxo financeiro no mercado informal, que tem um grande impacto sobre o sistema financeiro; não podemos ter o nível de uso de notas que temos estado a ter", justificou Valter Filipe.
Devido à falta de moeda estrangeira, os empresários que necessitam de importar matéria-prima estão agora obrigados a dirigir uma carta ao Ministério da Indústria para solicitarem divisas nos bancos, enquanto os não residentes cambiais já não podem levantar dólares ou euros nas próprias contas, por determinação do banco central.
As taxas de rua já estiveram próximas dos 600 kwanzas por cada dólar em agosto e julho, depois de máximos de 630 kwanzas em junho, face à falta de dólares nos bancos.
Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre de 2016.
LUSA