Numa ronda hoje por alguns dos bairros da capital angolana, a Lusa encontrou 'kinguilas', como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas na rua, a transacionarem um dólar por cerca de 430 kwanzas (1,65 euros), contra os 475 kwanzas (1,80 euros) da semana passada.
Já o euro chegava hoje aos 540 kwanzas (2,10 euros), descendo face aos 580 kwanzas (2,25 euros) da semana passada.
Durante o mês de janeiro, no mercado de rua, negócio ilegal e que a polícia angolana tenta combater, o custo da nota de dólar tinha aumentado quase 20% e a de euro 15%, segundo os cálculos feitos pela Lusa, tendência agora invertida.
Em agosto último, por altura das eleições gerais angolanas, a compra de cada dólar norte-americano estava em mínimos de 2017, rondando os 370 kwanzas (1,40 euros), sendo esta a única alternativa, embora a preços especulativos, para angolanos e expatriados que não conseguem comprar divisas aos balcões dos bancos, face à crise cambial.
O mercado de rua em Luanda, nas transações que se realizavam hoje em bairros como Mutamba, Maculusso e São Paulo, aparenta assim uma convergência com a taxa de câmbio oficial em Angola, marcada desde janeiro por uma forte desvalorização do kwanza angolano.
Desde que a moeda europeia passou a ser a referência para o mercado de câmbios de Angola, no novo regime flutuante cambial, a 09 de janeiro, a moeda angolana já acumula uma depreciação de quase 28% para o euro, que vale 258 kwanzas na compra (pelos clientes), e 20% para o dólar, que custa 207 kwanzas, segundo cálculos feitos pela Lusa com base nas novas taxas cambiais divulgadas pelo BNA.
Desde o primeiro trimestre de 2016 - até ao início de janeiro deste ano - que a taxa de câmbio oficial definida pelo BNA não sofria alterações, nos 166 kwanzas por cada dólar norte-americano e nos 186 kwanzas por cada euro.
A cotação passou, entretanto, a resultar dos leilões de divisas realizados pelo BNA, no âmbito do novo modelo de definição da taxa de câmbio em função das propostas apresentadas pelos bancos, mas que passou a ser limitada a uma variação máxima, por leilão, de 2%, para travar a especulação cambial.
No modelo anterior, a cotação era fixada diretamente pelo BNA e o novo regime flutuante cambial começou a ser aplicado numa altura em que as Reservas Internacionais Líquidas do país estão em mínimos históricos, inferiores a 12.000 milhões de euros, devido à crise da cotação do petróleo.