Angola, Gana e Zâmbia estão entre os países mais vulneráveis a cenários de problemas com a dívida, que incorporam uma depreciação de 20% nas moedas nacionais, por causa dos níveis de dívida e das elevadas necessidades de financiamento externo, escrevem os analistas numa nota divulgada pela instituição financeira norte-americana.
"A probabilidade geral de dívida problemática permanece baixa", já que os níveis gerais do rácio da dívida face ao Produto Interno Bruto permanecem "baixos" face aos níveis de meados dos anos 2000, quando as grandes reestruturações de dívida tiveram de ser feitas, escreve o analista Rukayat Yusuf numa nota aos clientes.
"O crescimento das emissões de dívida em moeda estrangeira ['Eurobonds] desde o ano passado aumentou as preocupações com a sustentabilidade da dívida na África subsariana", acrescenta o analista.
A nota do analista Rukayat Yusuf surge uma semana depois do Comité para o Jubileu da Dívida ter considerado que Angola é o país do mundo com o maior pagamento de dívida face às receitas, ultrapassando a fasquia dos 55%, o que significa que, por cada 100 dólares de receitas fiscais, 55 são para pagar a dívida.
De acordo com os cálculos desta ONG britânica, baseados em números do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, Angola é, dos 20 países elencados, aquele onde o peso da dívida mais se faz sentir no orçamento, 'levando' 55,4% de todas as receitas fiscais que entram nos cofres do Estado.
O segundo país onde a dívida é maior face às receitas, dos 126 considerados pelo Comité, é o Líbano, com 44,1%, numa lista cuja pódio fica completo com o Gana, com 42,4%, e onde Moçambique aparece no 13.º lugar, com 21,7% das receitas a serem canalizadas para o pagamento das dívidas, que não incluem aqui a chamada 'dívida oculta', uma vez que não foram feitos pagamentos no ano passado.
Angola já anunciou que tenciona renegociar a dívida com os credores, mas garantindo que não falhará pagamentos.
O aumento da dívida pública nos países dependentes de exportações de matérias-primas, nomeadamente em África, tem sido um tema recorrente nos últimos meses, já que o endividamento foi, de uma forma geral, a resposta encontrada para responder à queda dos preços das matérias-primas e ao consequente desequilíbrio orçamental e desvalorização das moedas face ao dólar.