As fábricas de bebidas instaladas em Angola já cobrem as necessidades do país em cervejas, refrigerantes e águas, mas a forte dependência de importação de matéria-prima condiciona o arranque em força das exportações, admitiu hoje a ministra da Indústria.
A posição foi assumida pela ministra Bernarda Martins, em declarações aos jornalistas, depois de receber, em Luanda, um estudo de viabilidade das indústrias das bebidas no país, feito pela Associação das Indústrias de Bebidas de Angola (AIBA), tendo assinalado o grande investimento dos últimos anos. “Hoje, as capacidades que estão instaladas no nosso país permitem por um lado abastecer o mercado interno de forma mais segura e por outro começar a trabalhar para as exportações porque temos muita capacidade”, apontou a ministra.
Segundo a AIBA, o setor das bebidas continua a ser um dos mais desenvolvidos em Angola, contribuindo de forma ativa para o desenvolvimento social e económico do país, contando com um total de 40 operadoras que na globalidade garantem 13.600 postos de trabalho diretos. Porém, observou a governante, Angola continua fortemente dependente da importação de matérias-primas, sublinhando que o setor trabalha no sentido de aumentar a cadeia produtiva do setor das bebidas.
“O executivo, neste momento, tem estado a promover o investimento nas matérias-primas”, sublinhou, apontando que “todo o investidor que pretender investir neste setor é muito bem-vindo”. Isto porque, disse Bernarda Martins, após reunir-se com o presidente da AIBA, Manuel Sumbula, o país continua a ter necessidade de importar grandes quantidades de polpas para sumos e refrigerantes e material para a produção da cerveja. Com investimentos, para este campo, “que ainda ficam muito aquém” do que Angola precisa.
Em relação às dificuldades de cambiais por parte dos operadores, para a importação de matéria-prima, no atual contexto de crise económica, financeira e cambial que o país atravessa, Bernarda Martins optou por recordar que a situação “já foi bem pior”. “A falta de cambiais não vai ser eterna e mesmo se falarem com os investidores vão sentir que a situação tem melhorado”, assegurou.
Questionada ainda sobre o nível de cobertura da produção nacional de bebidas em face das quantidades que ainda são importadas, a ministra da Indústria de Angola apontou para uma faixa muito pequena. “Hoje, o nosso mercado é praticamente abastecido localmente”, concluiu.
Industriais de bebidas alertam Governo angolano para necessidades de divisas
As empresas angolanas de bebidas alertaram hoje o Governo angolano para a necessidade de divisas que garantam a importação de matéria-prima, avaliada em 60 milhões de dólares, mas também para repatriamento de lucros.
O presidente da Associação das Indústrias de Bebidas de Angola (AIBA), Manuel Sumbula, falava hoje aos jornalistas no final de uma reunião, em Luanda, com a ministra da Indústria, Bernarda Martins, que serviu para entregar ao Governo um estudo de viabilidade do setor.
"Estamos a falar de cerca de 60 milhões de dólares só de necessidade de produção, sem falar de repatriamento de dividendos que deve ser garantido aos investidores para a sua satisfação", disse o presidente da AIBA, setor que congrega cerca de 40 operadores.
Manuel Sumbula adiantou que hoje a produção nacional consegue abastecer o mercado, mas deixou o alerta: "Se não encontrarmos um caminho efetivo sobre a necessidade de divisas para importar matérias-primas, vamos criar alguns constrangimentos".
Acrescentou que o mercado nacional, com a capacidade instalada atual, já pode também pensar em exportar, entre cervejas, sumos e águas.
"Os números estão bons. Hoje, se olharmos o mercado, no consumo de bebidas estamos a falar na ordem dos 2,4 milhões de litros por ano e se conjugarmos a produção nacional com a importação estamos com cerca de 2,5 milhões de litros", explicou ainda presidente da AIBA.
Durante o encontro de hoje, na sede do Ministério da Indústria de Angola, em Luanda, o presidente da AIBA explicou que, em termos de capacidade, por categoria, de produção nacional, as cervejas e refrigerantes "lideram a escala de produção", seguidos dos sumos e néctares, águas de mesa e bebidas espirituosas.
Segunda a AIBA, este setor contribui de forma ativa para o desenvolvimento social e económico do país, com um impacto considerável no mercado nacional, através dos 40 fabricantes de bebidas, nas categorias de cervejas, refrigerantes (gaseificados), sumos e néctares (não gaseificados), águas de mesa, vinhos e espirituosas.