“Angola só tinha duas opções: ou pedia ao FMI, ou pedia a terceiros (… ) e qual era o único terceiro que podia haver? A China”, disse Eugénio Costa Almeida.
Segundo o investigador do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa, a lógica seguida pelo executivo angolano baseava-se na ideia do não questionamento mútuo: “Eu não pergunto o que tu fazes, eu não pergunto as tuas políticas, porque tu não vais perguntar as minhas políticas”.
Para Eugénio Costa Almeida, a atitude levou a que Angola tenha começado “a enterrar a cabeça” em empréstimos da China envoltos em secretismo.
“Não sabemos quanto, os prazos ou que taxas. O que sabemos é que os empréstimos foram garantidos com petróleo”, constatou o investigador angolano do ISCTE.
Apesar de os fundos terem permitido a construção de infraestruturas em Angola, o investigador lamentou que estas empreitadas tenham ficado, na maioria das vezes, à responsabilidade de empresas chinesas.
“Recebemos empréstimos para fazer obras de grandes infraestruturas e outras, mas que predominantemente tinham de ser [conduzidas por] empresas chinesas, ou seja, o dinheiro voltava eventualmente para a China”, criticou.
Eugénio Costa Almeida acredita que o último empréstimo feito por Angola junto do FMI visa pagar as dívidas contraídas com os empréstimos da China. Mercado