"Para a diversificação, é preciso tempo e atualmente não há muito dinheiro. Tendo o governo [angolano] pouco dinheiro, o investimento privado precisa de aumentar", afirmou Victor Lopes, economista-sénior do Standard Chartered Bank.
O país ainda está muito dependente do petróleo, constatou, cujo preço baixo nos últimos 2,5 anos contribuiu para a falta de liquidez em divisa estrangeira, nomeadamente em dólares norte-americanos, o aumento da inflação e do endividamento público.
Mas Angola precisa de melhorar o ambiente de negócios, disse Victor Lopes no Forum Angola 2017, dedicado ao tema "Diversificação Económica, Desenvolvimento e Fortalecimento da Democracia", organizado pelo Instituto Real de Relações Internacionais (Chatham House) em Londres.
José Octávio Van-Dúnem, diretor do Centro para o Estudo das Ciências Jurídico-Económicas e Sociais da Universidade Agostinho Neto, em Luanda, reconheceu que acabou a era dos "anos de ouro", mas rejeitou que o petróleo tenha sido uma "maldição".
O investimento em infraestruturas como centrais de energia e na rede rodoviária, defendeu, "permitiu resolver principais problemas do pós-guerra, que era a circulação de bens e pessoas e reencontro de famílias".
Maria da Cruz, presidente da Câmara do Comércio EUA-Angola, também referiu a importância de infraestruturas para atrair investimento privado, o qual pode beneficiar do potencial da economia angolana em termos de dimensão e da riqueza de outros recursos.
"O país procura experiência e conhecimento, sobretudo nas agroindústrias, infraestruturas, fabricas de processamento e educação", enumerou.
Søren Kirk Jensen, investigador na Chatham House, lamentou o atraso de Angola em termos de atrair investimento face a outros países africanos e a falta de eficiência no desenvolvimento de infraestruturas.
Entre 2010 e 2015, o governo angolano gastou 56,3 mil milhões de dólares em estradas, cerca de 9,4 mil milhões de dólares por ano, mas o Banco Mundial estimou que seria apenas necessários 4,4 mil milhões de dólares por ano, menos de metade.
Jensen referiu também que, segundo os planos oficiais, no período 2013-14 o governo pretendia construir 6.500 quilómetros de estradas, mas só conseguiu completar um terço: 2.300 quilómetros.
"Isto foi antes da crise. Não foi por falta de dinheiro, foi má gestão e corrupção", denunciou, desafiando as autoridades angolanas a aderir à Iniciativa de Transparência para o Setor da Construção (CoST) para melhorar a eficiência do uso de fundos públicos.
LUSA