Depois de algumas descidas mais acentuadas entre março e abril, desde maio que cada nota de 100 dólares norte-americano é vendida, segundo a cotação de rua, ilegal, mas também indicativa para vários setores de atividade, entre os 37.000 e os 39.000 kwanzas.
Na segunda quinzena de março, cada dólar chegou a ser vendido pelas ‘kinguilas’ de Luanda, como são conhecidas as mulheres que se dedicam à compra e venda de divisas, a 34.000 kwanzas, que foram então mínimos do ano.
Hoje só foi possível encontrar em Luanda nota de 100 dólares a ser vendido entre os 38.000 e os 39.000 kwanzas, em todos os bairros de referência da capital, como São Paulo, Mutamba e Mártires de Kifangondo ou Marçal.
Esta subida ligeira do valor do dólar norte-americano no mercado informal está no entanto a ser contida pela forte restrição que o banco central está a fazer à quantidade de moeda nacional em circulação física, o que valoriza o kwanza angolano.
Ainda assim, estes valores na cotação informal contrastam com o pico de 50.000 kwanzas por cada nota de 100 dólares dos primeiros dias de janeiro.
Atualmente, mantêm-se as limitações no acesso a divisas nos bancos, inclusive nas contas em moeda estrangeira, situação que torna a venda paralela, para muitos nacionais e estrangeiros, a única forma de aceder a dólares ou euros em Angola.
A taxa de câmbio oficial definida pelo Banco Nacional de Angola (BNA) cifra-se há mais de um ano em cerca de 166 kwanzas (90 cêntimos de euro) por cada dólar, quando antes do início da crise provocada pela quebra das receitas com a exportação do petróleo, ainda em 2014, era de 100 kwanzas (55 cêntimos).
A atividade das ‘kinguilas’ foi condenada em abril pelo governador do BNA, que advogou o seu fim.
“Não podemos ter, no nosso país, determinadas ruas que definem a referência do preço, onde se vendem dólares ou euros. Não podemos ter este nível de fluxo financeiro no mercado informal, que tem um grande impacto sobre o sistema financeiro; não podemos ter o nível de uso de notas que temos estado a ter”, justificou Valter Filipe.
As taxas de rua já estiveram próximas dos 600 kwanzas por cada dólar em agosto e julho, depois de máximos de 630 kwanzas em junho, face à falta de dólares nos bancos.
Angola vive desde finais de 2014 uma profunda crise financeira e económica decorrente da quebra para metade nas receitas com a exportação de petróleo, tendo desvalorizado o kwanza, face ao dólar, em 23,4% em 2015 e mais 18,4% ainda no primeiro semestre de 2016.
LUSA