No relatório que acompanha a decisão de melhorar a perspetiva de evolução da economia, de estável para positiva, a Moody's diz que a economia deverá registar um crescimento de 3% este ano, em linha com as previsões do Governo e do Fundo Monetário Internacional, e acelerar para uma média de 4,2% nos próximos três anos, a melhor média desde a crise petrolífera de 2014.
"Todas as métricas orçamentais, incluindo o rácio da dívida face à receita e o do pagamento de juros face à receita, também melhoraram, devendo chegar a 225% e 14,9%, respetivamente, em 2022, o que compara com 586% e 32,6% em 2020", escrevem os analistas na nota, na qual mantêm o 'rating' do país em B3.
A Moody's alterou a perspetiva de evolução do 'rating' de Angola "devido à melhoria das métricas orçamentais e da dívida, sustentadas nos elevados preços do petróleo e na consolidação orçamental em curso".
Para os analistas, mesmo que os preços do petróleo desçam face aos níveis atuais acima de 90 dólares por barril, "a estabilidade macroeconómica de Angola deverá ser sustentada na robusta previsão de crescimento e na inflação em queda", que deverá cair para 14% no próximo ano e chegar a um dígito em 2025, face aos níveis de 27% em 2020 e 17% este ano.
A segunda grande razão para a mudança na perspetiva de evolução é a contínua melhoria na posição externa do país e a redução dos riscos de liquidez, "com os preços elevados do petróleo a serem uma oportunidade para as autoridades fortalecerem as reservas internacionais e moeda externa e continuarem a implementar a sua política de redução do volume de dívida".
As reservas, conclui a Moody's, podem subir de 16 mil milhões de dólares em 2021 para 22 mil milhões em 2025.
A Moody's melhorou na quinta-feira à noite a perspetiva de evolução do 'rating' de Angola, de estável para positiva, mantendo a avaliação sobre a qualidade do crédito em B3, abaixo da recomendação de investimento.
A análise da perspetiva de evolução da economia angolana não é, no entanto, suficiente para que a Moody's tenha melhorado o 'rating', que se mantém em B3, ou seja, abaixo da recomendação de investimento, ou 'lixo', como é geralmente conhecido.
"A decisão de afirmar o ‘rating’ em B3 reflete a visão da Moody's de que, apesar da contínua melhoria nas posições orçamentais e da balança corrente, o perfil de crédito de Angola continua constrangido pela vulnerabilidade a choques petrolíferos devido à sua rígida estrutura económica e à fraca capacidade institucional", escrevem os analistas, reconhecendo que "a continuidade das políticas e a agenda das reformas do novo governo vão naturalmente demorar tempo a reduzir as vulnerabilidades estruturais de Angola".
A alteração da perspetiva de evolução do 'rating' indica que os analistas consideram que, a manter-se a trajetória atual, Angola verá a opinião da Moody's sobre a qualidade do crédito soberano melhorada num prazo que normalmente não excede os 12 meses.
A última vez que a Moody's tinha melhorado o 'rating' de Angola foi em setembro do ano passado, quando a avaliação da qualidade do crédito soberano passou de Caa1 para B3, o que aconteceu depois de quatro descidas consecutivas, em 2016, 2017, 2018 e 2020.