Ivan dos Santos falava à imprensa à margem do XIV Fórum Economia & Finanças, promovido pela Associação Angolana de Bancos (Abanc), realizado hoje subordinado ao tema “Financiamento à Economia: Desafios e Caminhos para um Sistema mais Eficiente e Inclusivo”.
Segundo Ivan dos Santos, a economia angolana tem tido resultados positivos, frisando que em 2024 o país registou um crescimento de 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB), “o maior crescimento nos últimos dez anos”, e este ano também há uma tendência positiva, com uma média, no primeiro semestre, acima dos 2%.
“O que é bom, é um bom sinal, e o foco do Governo é ter um crescimento sólido, principalmente do setor não petrolífero, que agora tem sido uma parte considerável em termos do PIB”, referiu. “Um dos desafios é o que nos traz aqui para esta plataforma é o financiamento à economia real, mas ainda assim os bancos têm desenvolvido e implementado muita inovação, em termos de instrumentos financeiros para apoiar a nossa economia, o nosso empresariado. Temos também o Fundo de Garantias de Crédito, que tem implementado alguns instrumentos inovadores para servir de mitigação de risco a quem vai financiar os nossos empresários”, realçou o governante. Na abertura do fórum, Ivan dos Santos disse que o Governo reconhece o esforço da banca nacional “num contexto desafiante” e encoraja “a consolidação e ampliação deste papel estratégico para o desenvolvimento de Angola”.
Apesar da sinalização de uma trajetória de recuperação consistente, prosseguiu Ivan dos Santos, o crescimento da economia angolana “precisa de ser aprofundado e, sobretudo ampliado ao setor não petrolífero, que é a base da diversificação económica e criação de emprego”. “Porque, apesar dos progressos, persistem constrangimentos significativos no acesso ao crédito, sobretudo para micro, pequenas e médias empresas, que representam o tecido produtivo dominante no país”, frisou. “Dados recentes do Banco Nacional de Angola, referentes a setembro de 2025, indicam que o 'stock' de crédito à economia, em moeda nacional, atingiu 6,8 biliões de kwanzas [6,3 mil milhões de euros], o que representa um crescimento de 27,5% face ao período homólogo.
Mais importante ainda, o crédito orientado ao setor real da economia alcançou 1,7 biliões de kwanzas (1,5 mil milhões de euros), registando um crescimento superior a 14%, comparado ao período homólogo”, acrescentou Ivan dos Santos. Mesmo encorajadores, estes resultados continuam a ser insuficientes “para responder às necessidades de investimento do país”, disse o governante, exortando ao reforço da cooperação entre o Estado e o sistema financeiro, para a construção de estradas eficientes, energia fiável, logística estruturada e conectividade adequada. Por sua vez, o presidente da Associação Angolana de Bancos (Abanc) destacou o “desenvolvimento grande” da banca nacional, com iniciativas, mais capitalização e melhorias na regularização e supervisão.
De acordo com Mário Nascimento, a sinergia entre a Abanc, o banco central angolano e o Executivo angolano têm contribuído para a criação de maior inclusão financeira, para permitir o acesso a serviços financeiros e bancários à população. Mas o responsável salientou que são ainda desafios para a banca angolana tornar o setor mais sólido, resiliente e mais acessível à população. Para Mário Nascimento, ainda é necessário melhorar a intermediação financeira, diversificar instrumentos de financiamento, melhorar o papel das políticas públicas para alinhar incentivos e criar com urgência um ecossistema de financiamento mais inclusivo, sustentável e orientado ao desenvolvimento do setor produtivo.