A economia angolana cresceu 1,82% no terceiro trimestre face ao periodo homólogo de 2024, impulsionada pelo setor não petrolífero, sendo que a atividade petrolífera contraiu 7,77% em quatro trimestres consecutivos, originada pela quebra na extração na ordem de 10,79%, segundo dados no Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano.
Para Agostinho Mateus, o comportamento "assimétrico" do crescimento da economia angolana revela uma realidade estrutural da economia do país.
"Estamos a viver um processo de dupla transição uma transição forçada, devido ao declinio persistente da produção petrolífera e uma transição desejada, visível no dinamismo crescente de alguns setores não petrolíferos", disse hoje à Lusa.
De acordo com o economista, o crescimento do setor não petrolifero (4,14%) no terceiro trimestre de 2025, demonstra que "ha ilhas de dinamismo real, sobretudo na indústria transformadora, agricultura, comércio, transportes e alguns serviços modernos".
No entanto, observou que o "forte recuo do setor petrolífero - já em quatro trimestres consecutivos de queda evidencia que o principal motor histórico da economia [angolana] deixou de funcionar como antes", frisou.
Agostinho Mateus, também investigador no Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada de Angola, afirmou, por outro lado, que as contas do quarto trimestre "não significam ainda uma economia consolidada".
"Mas, mostram uma economia que cresce pela margem, sustentada pelo [setor] não petrolífero, enquanto o núcleo tradicional (petróleo) continua a recuar. Esse padrão explica porque o crescimento agregado é baixo e insuficiente para melhorar o PIB per capita", sustentou.
Quanto à taxa de desemprego em Angola, que caiu para 26,9% no terceiro trimestre, e a elevada informalidade da economia do país (71%), o economista considerou que a queda do desemprego "não significa necessariamente melhoria das condições económicas formais".
Com uma taxa de informalidade de 71%, o aumento do emprego resulta, "em grande medida, da expansão do emprego informal, que é precário, de baixa produtividade e mal remunerado", realçou.
O economista angolano considerou ainda que apesar da queda estatística do desemprego, a realidade objetiva é que, assinalou, "grande parte dos novos postos de trabalho está fora do sistema fiscal, não gera contribuições sociais, não cria produtividade sustentável e não traduz em melhoria do rendimento real das familias".
"Os números revelam mais um mecanismo de sobrevivência do que prosperidade. A economía está a absorver mão-de-obra, mas de forma informal o que explica porque o bem-estar não melhora ao mesmo ritmo da "redução" do desemprego", concluiu Agostinho Mateus.





