De acordo com o presidente do conselho de administração da Sonangol, Carlos Saturnino, que falava hoje em Luanda, o organismo que preside "não tem uma estratégia" para a banca comercial de Angola, onde detém "várias participações".
"Como não temos uma estratégia para a banca comercial, como temos a certeza de que esses investimentos são úteis e bons para o grupo Sonangol? Daí que decidimos fazer uma análise, banco por banco, que dividendos trazem para o grupo", afirmou.
Na banca comercial angolana, a Sonangol tem investimentos diretos no Banco Angolano de Investimentos (BAI), Caixa Angola - controlada maioritariamente pelo grupo português Caixa Geral de Depósitos -, Banco Económico e no Banco de Comércio e Indústria, e indiretos no Banco Fomento Angola (BFA), através da sua subsidiária MS Telcom, acionista da operadora UNITEL, que, por sua vez, é acionista do BFA.
A Sonangol é o maior grupo empresarial angolano, com perto de 10.000 trabalhadores diretos e subsidiárias na área do transporte aéreo, telecomunicações, imobiliário e distribuição de combustíveis, entre outros, tendo ainda participações em várias empresas e bancos.
Em Portugal, a Sonangol tem participações diretas e indiretas no Millennium BCP e na Galp.
Em conferência de imprensa, no âmbito da apresentação do Programa de Regeneração da Sonangol, Carlos Saturnino defendeu discussões diretas com os intervenientes para consequente redução das participações da petrolífera no setor.
"Vamos promover uma discussão com a banca comercial em Angola, onde a Sonangol vai primar por ver o que é mais útil para o grupo e que vantagens. Vamos provavelmente emagrecer também aí. Esta análise é extensiva aos fundos de investimentos que temos também fora do país", sublinhou.
Carlos Saturnino admitiu igualmente "riscos" no Programa de Regeneração, orçado em cerca de 40 milhões de euros, e com a implementação para três anos, que passam, explicou, por "reestruturar a empresa e, simultaneamente, continuar a com os negócios".
"O risco maior do Programa de Regeneração é como fazer o processo, reorganizar as atividades e, ao mesmo tempo, continuarmos as atividades. Esta é a grande dor de cabeça", apontou.
"Resumindo, como fazer a regeneração do grupo e ao mesmo tempo manter a continuidade de negócios? O risco maior está entre regenerar e fazer a continuidade de negócios e estamos a tomar algumas providências", assegurou.
Questionado sobre o Relatório e Contas da petrolífera do exercício de 2017 - que continua por aprovar, referente à gestão anterior, de Isabel dos Santos -, o presidente da Sonangol deu a conhecer que foi encomendado pelo Ministério das Finanças e que foi já entregue às autoridades afins.
"Pela primeira vez na história do grupo Sonangol, a auditoria feita à Sonangol não foi encomendada pelo conselho de administração por razões de transparência. Foi feita a revisão das contas de 2016 e 2017, a auditoria às de 2017 e a emissão do relatório de auditoria independente foi entregue em setembro às autoridades", concluiu, sem adiantar mais informações.