Segundo José de Lima Massano, que falava aos jornalistas à margem da conferência "Angola Oil & Gás 2019", que decorre desde terça-feira, em Luanda, os desafios ainda se colocam, mas a banca comercial angolana segue à risca as instruções do banco central.
"Os nossos bancos, com os canais que têm de pagamentos, têm conseguido executar as instruções para um setor em que a moeda é o dólar dos Estados Unidos", disse.
Angola enfrenta há vários anos dificuldades financeiras, económicas e cambiais, tendo o BNA vindo a garantir a venda de divisas (euros) à banca comercial angolana, que está sem acesso a dólares face à suspensão das ligações com correspondentes bancários internacionais.
O governador do banco central angolano recordou que em 2015 e 2016 "alguns correspondentes bancários", em dólares, "acabaram por terminar a relação com o nosso mercado, mas, observou, essa relação tem vindo a ser recuperada".
Daí que, frisou, "teremos, agora, em junho, uma delegação sénior da Reserva Federal dos Estados Unidos que vem nos visitar, exatamente com o propósito de estreitarmos as relações e de recuperarmos aqueles espaços, que por um ou outro motivo acabou por freiar um pouco".
No segundo dia da conferência "Angola Oil & Gás 2019" promovida pela África Oil & Power (AOP), o Governo de Angola e parceiros internacionais, o governador do banco central angolano apresentou aos operadores do mercado petrolífero o atual quadro financeiro e cambial do país.
Referiu que a dinâmica do setor petrolífero "exige" que as entidades do setor financeiro "tenham a capacidade de reagir a tempo às suas necessidades" e de oferecerem "um serviço sempre com elevado padrões de qualidade".
José de Lima Massano deu conta que decorrem trabalhos com as petrolíferas que operam em Angola no sentido destas retomarem a venda direta de dólares aos bancos comercias, sublinhado que, atualmente, as vendas decorrem "no âmbito dos acordos tripartidos".
"Isso acontece apenas para os acordos tripartidos, aqueles acordos em que as companhias petrolíferas identificam fornecedores críticos seus, mas o que queremos fazer é mais, isso no sentido de outras necessidades possam vender a moeda para os bancos comerciais", realçou.
Questionado pela Lusa sobre os desafios das Reservas Internacionais Líquidas (RIL), estimadas em cerca de 10.000 milhões de dólares - necessárias à importação de alimentos, matéria-prima e outros bens -, cuja sustentabilidade é tema de "preocupação" no país, referiu que elas "não são suficientes" para atender toda a demanda do país.
Para o governador do BNA, as RIL "têm como fonte principal o setor petrolífero e qualquer lógica de abrandamento da produção de redução de preço tem um impacto sobre as nossas reservas".
Entre os três grandes blocos das reservas do país, nomeadamente os recursos do banco central, da Conta Única do Tesouro e dos bancos comerciais, explicou, a componente fiscal é a que mais afeta o desempenho das reservas angolanas.
"Para o exercício fiscal o Tesouro faz recurso às suas reservas para que as responsabilidades do Estado possam ser honradas o que tem um impacto negativo às reservas", sublinhou.
Mas, acrescentou, "há um conjunto de medidas em curso para a captação da receita não petrolífera, porque há necessidade de, para qualquer que seja o setor, procurarmos maior incorporação local".
"Porque as nossas reservas, aquilo que neste momento o país tem condição de mobilizar, não é suficiente para atender tudo o que tem de demanda no país. Persiste uma grande procura pelo mercado cambial e procuramos assegurar de que o que é essencial encontre espaço", concluiu.