A denúncia é dos produtores nacionais que alertam ao Ministério da Agricultura e Pescas e outras entidades afins sobre a necessidade de haver maior fiscalização e criação de uma legislação específica que dê oportunidade aos apicultores angolanos para exportarem o produto. Defendem que a exportação seria um caminho para o país obter mais divisas
Segundo os produtores nacionais, em várias zonas do Moxico, os chamados pequenos apicultores situados próximos da Zâmbia são aliciados por homens de negócio deste país a venderem o mel para o outro lado da fronteira.
De acordo com o director-geral da Cooperativa Agropecuária, Pesca e Apicultura (COAPA), Erickson Aparício, o mel vai à Zâmbia onde é processado e, posteriormente, vendido noutros países africanos e do mundo como produto zambiano.
“Como eles estão mais próximos da fronteira com a Zâmbia e recebem uma proposta de venda maior, preferem vender o mel aos estrangeiros”, disse Erickson Aparício que acrescenta ser necessário não minimizar o facto, pois “se 20 ou mais pequenos apicultores fizerem esta venda tornam-se em grandes produtores”, disse.
O responsável pela produção do “Mel do Moxico” disse ao jornal OPAÍS que estes casos são recorrentes na fronteira que separa a Zâmbia desta província do Leste de Angola que, no seu entender, seria facilmente resolvido com uma fiscalização eficiente.
Sublinha que o mel que a Zâmbia exporta como seu é uma riqueza angolana que deve ser protegida e explorada por quem está legalizado internamente.
Acrescentou que é uma prática antiga que era feita numa escala inferior, mas que aos poucos vai aumentando e tem tido reflexos significativos nos grandes produtores que disputam o mesmo espaço com os pequenos produtores.
Erickson Aparício disse que o mel de Angola é muito rico e de grande qualidade, mas ainda podemos ter um produto melhor, caso todos os apicultores apliquem as melhores práticas de extracção do produto.
Legislação para exportação
O director-geral do Mel do Alto Zambeze, Gonçalo Pinto, disse que o mel de Angola poderia ter um valor diferenciado nos mercados internacionais, caso fosse exportado, o que passaria por um registo dos apicultores, registo dos lotes, análises, sendo que o mais importante seria a criação de uma legislação.
Gonçalo Pinto disse que Angola está em condições de internacionalizar o seu produto e que a exportação só se efectivaria mediante a aprovação de uma legislação específica que a regulamentasse.
O responsável do mel do Alto Zambeze disse que quase todos os países africanos possuem esta legislação e acrescenta que Angola não deve estar atrás na corrida.
“A sociedade produtora quer fornecer o mel de qualidade ao mercado nacional, mas temos uma grande expectativa na exportação do produto”, disse. Gonçalo Pinto disse que Angola tem florestas primárias e uma grande diversidade da flora e isso torna o mel nacional diferenciado.
“O mel de Angola deve ser dos melhores do mundo, porque são mais florestais, podemos considerá- los ‘diamantes brutos’ mas são mal processados pelas comunidades locais por falta de equipamento e formação”, referiu.
Ademais, os apicultores acreditam que a exportação seria um caminho para o país obter mais divisas.
Em Angola as províncias de maior produção de mel são as do Bié, Lundas Norte e Sul, Malanje, Moxico, Cuando Cubango, Huambo e Huíla. OPAIS