O CEO do BPI lamentou a inclusão de Angola na lista cinzenta de países com dificuldades em combater a lavagem de dinheiro, afirmando que a decisão do GAFI vai “reduzir significativamente o espetro de investidores” que poderiam participar no IPO do Banco Fomento de Angola (BFA).
“Preocupa-nos alguns acontecimentos, nomeadamente a inclusão de Angola na lista cinzenta do GAFI, será uma condicionante relativamente a este processo”, afirmou João Pedro Oliveira e Costa esta quinta-feira na apresentação dos resultados dos primeiros nove meses do ano do BPI.
“O mercado africano já é complexo na atração de investimentos nomeadamente para setores muito regulados como é o caso da banca. Vejo com dificuldade aparecerem internacionais do mesmo setor entrarem no mercado com estas condições. (…) Condiciona o espetro de investidores, reduz de forma significativa o espectro de investidores”, explicou.
Ainda assim, João Pedro Oliveira e Costa acredita que Angola poderá sair da lista cinzenta a “breve trecho”, pois já implementou 70 das 87 medidas identificadas pelo GAFI.
No âmbito do IPO do BFA, que deverá ocorrer durante o primeiro semestre do próximo ano, o Estado angolano e o BPI venderão, cada um, uma participação de 15%, conforme foi anunciado no verão.
João Pedro Oliveira e Costa revelou que os trabalhos com vista ao IPO já arrancaram juntamente com o IGAP, a entidade que gere as participações do Estado. “Estamos na fase de seleção dos advisors internacionais que nos vão apoiar na elaboração do caderno de IPO. Estamos crentes de que haverá investidores interessados”, disse ainda assim o CEO do BPI.
Adiantou ainda que seria negativo haver alteração ao processo de venda nesta altura, “porque é algo que o Estado angolano já anunciou que ia fazer, a credibilidade do país estaria em jogo”.
João Pedro Oliveira e Costa reforçou a ideia de que o BPI pretende vender toda a sua posição no BFA, que é de 49%. “O IPO é o caminho para sair da posição que temos. Faremos sempre de acordo com as regras do país soberano que é Angola, mantendo a estabilidade financeira do sistema angolano”, disse.