Com a aquisição de 66,6 por cento da portuguesa Efacec Power Solutions, em 2015, a filha mais velha de José Eduardo dos Santos, Isabel, absorveu os fornecimentos de material e equipamentos às três gigantes empresas públicas angolanas de produção e distribuição de electricidade.
Informações obtidas pelo Correio Angolense indicam que as empresas Prodel, de produção, Ende, de distribuição, e Ren, de redes, rescindiram em bloco os contratos que mantinham com três médias empresas nacionais com um longo histórico de fornecimentos ao sector.
A decisão inviabilizou estas três últimas empresas que, em resultado das dificuldades que emergiram, iniciaram programas de despedimento de pessoal, por estarem a lidar com imponderáveis relacionados com dívidas com credores, fornecedores e salariais.
Este jornal soube que qualquer uma dessas empresas está na contingência de declarar falência.
Ao contrário, em Portugal, no mês de Maio, a companhia portuguesa que emprega 2.330 trabalhadores anunciou resultados positivos baseados na sua operação angolana, já que o nosso país se tornou no principal mercado externo da Efacec.
Segundo a imprensa portuguesa daquele período, a Efacec terminou o ano de 2016 com lucros de 4,3 mil milhões de euros e um volume de vendas de 431,5 milhões de euros, mais 15,5 milhões que em 2015.
Com esses resultados, a companhia interrompeu um ciclo de perdas que já vinha de 2012 de prejuízos na Efacec.
A aquisição da Efacec serve para que a companhia aumente a sua presença em Angola, onde já prestou serviços nos domínios da engenharia, infra-estruturas de telecomunicações, transformadores e aparelhagem eléctrica, tendo entre os seus clientes a Unitel.
Além disso, em Novembro de 2014, o Governo reestruturou o sector eléctrico, tendo criado três novas empresas – Prodel, Ende e Ren. O Programa de Transformação do Sector Eléctrico de Angola, em curso, prevê investimentos de 21 mil milhões de euros.
É com base nessas informações, obtidas em condições privilegiadas, que a empresária terá decidido a aquisição.
Provas parciais disso foram publicadas a 26 de Agosto pelo semanário português Expresso, numa matéria baseada no vazamento de correspondência de e-mail que revela como Isabel dos Santos manobrou para licitar o contrato de 4,5 mil milhões de dólares para construir a barragem de Caculo Cabaça.
Num de seus últimos actos como Presidente, José Eduardo dos Santos colocou a primeira pedra da barragem no início de Agosto, semanas antes de abandonar o cargo que ocupou nos últimos 38 anos.
O projecto da barragem do Caculo Cabaça foi concedido há dois anos a um consórcio liderado pela China Gezhouba Group Corporation (CGGC), uma das maiores empresas de construção da China.
Uma parte dos e-mails mostra que os chineses não ganharam sozinhos o contrato e têm um accionista escondido que detém quase 40 por cento do consórcio: a filha mais velha do Presidente.
Correio Angolense