"O Alto Comissariado das Nações Unidas (ACNUR) está a trabalhar com as autoridades do Gana para dar assistência a mais de 500 togoleses que chegaram recentemente ao país, fugindo dos problemas políticos no Togo", lê-se num comunicado daquela agência da ONU.
No comunicado é adiantado que os refugiados, na maioria mulheres e crianças, explicaram aos funcionários do ACNUR que chegaram ao Gana a pé oriundos da região de Mango, "para fugir aos atentados aos direitos humanos".
Contactado pela agência AFP, o diretor da Comissão para os Refugiados do Gana, Tetteh Paddy, confirmou o número, sublinhando, porém, que as autoridades locais já registaram cerca de 600 pessoas nos distritos de Chereponi, Zabzugu e Bunkprugu-Yunyou, localidades ganesas no nordeste do país.
"Há uma grande movimentação (na fronteira entre os dois países). Uns voltam a partir, outros acabam de chegar. No princípio (em fins de setembro), os refugiados eram mais homens do que mulheres. Agora é mais equilibrado", sublinhou Paddy.
Desde agosto, o Togo tem sido palco de numerosas manifestações, entre elas as realizadas a 06 e 07 de setembro, que juntaram mais de 100 mil pessoas em Lomé e várias dezenas de milhares nas cidades do norte do país, tradicionalmente apoiantes do clã Eyadéma, mas que, atualmente, se tornaram um feudo da oposição.
Em fins de setembro, milhares de pessoas manifestaram-se em todo o país, tendo a repressão policial sido particularmente violenta em Mango, localidade junto à fronteira com o Gana, incidentes que provocaram um morto (uma criança de dez anos foi abatida com uma bala perdida disparada pela polícia) e mais de 20 feridos segundo dados oficiais, ou três mortos, segundo a oposição.
Já esta semana, o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, falou sobre a crise política e social que está a afetar muitos países da África Ocidental, sobretudo o Togo, exortando ao diálogo entre o regime de Faure Gnassingbé e a oposição.
A França e os Estados Unidos já se manifestaram "profundamente inquietos" pelos níveis elevados de violência e de restrições à liberdade de expressão e de reunião no Togo, bem como a presença de civis junto dos elementos as forças de segurança, o que indicia a possibilidade de existirem milícias.
O Partido Nacional Pan-africano (PNP), liderado por Tikpi Atchadam, nova figura de proa da oposição togolesa, aliou-se a 13 outras forças oposicionistas para exigir o cumprimento constitucional da limitação de mandatos presidenciais e a demissão do Faure Gnassingbé, eleito em 2005 numa votação polémica e herdeiro de uma família que está no poder no Togo há 50 anos.
Gnassingbé Eyadéma foi presidente entre 1967 e 2005, depois de 38 anos a liderar o país com "mão de ferro".