O Parlamento sul-africano elegeu hoje Cyril Ramaphosa como Presidente da África do Sul, após a demissão de Jacob Zuma, numa sessão sem a presença de dois dos principais partidos da oposição.
Ramaphosa, líder do Congresso Nacional Africano (ANC, no poder desde 1994) e vice-presidente da África do Sul até quarta-feira, foi empossado pelo presidente do tribunal Constitucional sul-africano, Mogoeng Mogoeng, numa sessão extraordinária do Parlamento.
O novo Presidente da África do Sul, o quinto desde que o ANC chegou ao poder, era o único candidato à sucessão de Zuma, depois de dois partidos da oposição terem indicado que não participariam na sessão.
Desde 1994 que o ANC tem obtido a maioria absoluta no Parlamento, tendo sido presidido sucessivamente por Nelson Mandela (maio de 1994 a junho de 1999), Thabo Mbeki (junho de 1999 a setembro de 2008), Kgalema Motlanthe (interino, setembro de 2008 a maio de 2009) e Jacob Zuma (maio de 2009 a fevereiro de 2018).
Presidente contestado
A saída da presidência de Jacob Zuma era já uma velha ambição de Ramaphosa e do partido. Há várias semanas que se tentava que o Presidente sul-africano aceitasse renunciar o cargo. Perante a obstinação de Zuma em permanecer no poder, a ANC ameaçou com uma moção de censura ao chefe de Estado que outrora apoiou.
Depois de ter inicialmente recusado demitir-se, Zuma mudou o discurso na última noite. Numa declaração televisiva de 30 minutos, o chefe de Estado anunciou que se demitia “com efeitos imediatos”, apesar de reforçar que não concordava com a vontade do partido.
“Nenhuma vida deve ser perdida em meu nome e o ANC não deve ficar dividido em meu nome", justificou.
Presidente de África do Sul desde 2009, Jacob Zuma enfrenta vários processos de corrupção. Num dos mais recentes e relevantes, o chefe de Estado é suspeito de estar envolvido em alegados crimes cometidos pelos irmãos Gupta, uma família imigrante de origem indiana que detém grandes negócios na África do Sul e que está a ser investigada pelo FBI.
O Presidente da República é suspeito de ter favorecido atividades empresariais desta família poderosa, permitindo aos irmãos Gupta ganharem concursos públicos milionários. Poucas horas antes de ter anunciado a demissão, a polícia sul-africana efetuou buscas numa das moradias dos Gupta.