"Vimos de novo, antes de ontem [sábado], a vandalização da sede número três na zona de 07 de Abril, o que nos deixou mais uma vez muito preocupados. Nós queremos condenar este comportamento, porque não é um comportamento político saudável de boa convivência de muitos partidos dentro do nosso país", explicou o primeiro secretário provincial da Frelimo em Manica, Tomás Chitlhango, ao canal privado STV.
Nestas vandalizações, houve a destruição de equipamento informático, imobiliário e a queima de documentos do partido.
O responsável expressou ainda preocupação com o envolvimento de crianças nestas manifestações e marchas pós-eleitorais.
"Estamos a ver crianças nas marchas, o que é muito perigoso porque estas marchas não estão sendo pacíficas. Não só do lado das marchas, mas a própria educação que estamos a trazer para nossas crianças. Estamos a formatar na mente destas crianças que conviver bem neste país é lançar pedra contra o carro, contra as paredes de uma casa, contra os vidros e contra as pessoas que estão a circular, é muito mau isso", reiterou.
Para Tomás Chitlhango, estas manifestações são fruto de uma agenda externa que visa desestabilizar o país.
"Está claro que é uma agenda externa, é uma mão externa que não quer ver esse nosso país desenvolver, este país crescer, os moçambicanos a viverem bem e em paz. É uma mão estranha que quer desestabilizar o nosso país", afirmou.
A plataforma eleitoral Decide estimou no sábado que 22 pessoas morreram, mais de metade em Maputo, em três dias de manifestações de contestação aos resultados das eleições gerais moçambicanas de 09 de outubro, além de 23 baleados e 80 detidos.
Segundo o relatório divulgado pela plataforma de monitorização eleitoral Decide, que aponta dados dos três dias - 13, 14 e 15 de novembro -- da nova fase de protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, sete mortes foram registadas na província de Nampula (norte), duas na Zambézia (centro), nove na província de Maputo (sul) e quatro na cidade capital.
Do total de 23 pessoas baleadas, 10 foram registadas em protestos em Nampula, três na Zambézia, outras três em Manica (centro), além de três em Maputo e mais quatro na cidade em Maputo, indica ainda a Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana.
Aquela plataforma contabiliza ainda 80 detidos, 18 dos quais em Maputo (cidade e província), e 23 na Zambézia.
Moçambique viveu sexta-feira o terceiro dia da denominada "terceira fase" da quarta etapa de paralisações e manifestações de contestação dos resultados eleitorais convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, que nega a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos.
Já no sábado, Venâncio Mondlane disse que vai divulgar na terça-feira uma nova fase de protestos, insistindo que os protestos são para manter "até que seja reposta a verdade eleitoral".
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional, que não tem prazos para esse efeito e ainda está a analisar o contencioso.
Após protestos nas ruas que paralisaram o país nos dias 21, 24 e 25 de outubro, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo em 07 de novembro, que provocou o caos na capital, com registo de mortos, diversas barricadas, pneus em chamas e disparos de tiros e gás lacrimogéneo pela polícia, durante todo o dia, para dispersar.