Eu exerço este cargo há exatamente 13 meses, portanto, exigir do meu Executivo muito mais do que temos vindo a fazer, não parece justo nem realista sequer. Não há milagres, mas mesmo assim já conseguimos o ‘milagre’ de termos feito muito em pouco tempo.
Com visita a Portugal marcada para a próxima semana, João Lourenço fez um resumo dos primeiros 13 meses de presidência de Angola, desde a tomada de posse sem conhecer os dossiês até à exoneração de Isabel dos Santos – que foi afastada do Conselho de Administração da Sonangol.
Assumindo o combate à corrupção como uma das prioridades do seu mandato, João Lourenço, em entrevista ao Expresso, afirma que não exonerou ninguém por ser filho do anterior presidente, José Eduardo dos Santos. “Entendi que a Sonangol merecia outro conselho de Administração e assim o fiz, e não estou arrependido de o ter feito”, afirma acrescentando que agora “a Sonangol está melhor do que estava”.
João Lourenço admitiu ainda ter ficado “surpreendido” por José Eduardo dos Santos ter deixado o poder mas critica a passagem de pasta, que na realidade não houve. O presidente angolano afirma que não lhe foram “dados a conhecer os grandes dossiês do país” e que quando chegou “os cofres do Estado já [estavam] vazios com a tentativa de esvaziarem ainda mais”.
Recuperar “o dinheiro de Angola” é um dos objetivos de Lourenço, mas admite que “vai ser um processo longo. Isto vai acontecer em maior ou menor medida, e as pessoas que não pensem que em janeiro de 2019 vamos anunciar: olhem, recuperámos todo o dinheiro que saiu de Angola ao longo destes anos”.
Sobre o caso judicial que envolve Manuel Vicente, João Lourenço – que exigiu que o ex-vice-presidente angolano fosse julgado em Angola – afirma que agiu “em defesa do Estado angolano e da necessidade de um outro Estado respeitar acordos firmados anteriormente”. “Não estou a ver que o vice-presidente da República de um país estivesse a contas com a Justiça de um outro país e que as autoridades do seu país não reagissem”, acrescenta.