Durante o encontro, decorrido no Palácio Presidencial da Cidade Alta, os jovens pediram acções concretas, céleres e urgentes, face aos problemas que os atinge, mas recomendam soluções sustentáveis.
O presidente do Conselho Nacional da Juventude (CNJ), António Tingão, disse, à saída do encontro, que as questões da juventude são transversais e que foram levantadas porque têm "estrangulado" a vida dos jovens. Neste particular, António Tingão realçou questões ligadas à formação académica, a mobilidade estudantil, o acesso ao material didáctico e estágios profissionais.
O líder do CNJ lembrou que a juventude tem alguma palavra a dizer em muitos aspectos, principalmente com a criação do Plano de Acção para a Promoção da Empregabilidade (PAPE). "Saímos do encontro com uma sensação muito boa. Houve uma abertura muito grande da parte do Presidente da República relativamente à abordagem das questões que preocupam os jovens e deixou em aberto a possibilidade de, sempre que precisarmos, fazermos uma comunicação para interagir com ele de forma directa", contou António Tingão, após o encontro realizado no âmbito do encerramento das jornadas da juventude. O objectivo, disse, é dar mais contribuições, visando o crescimento e desenvolvimento do país.
O secretário nacional da JFNLA, Kiaku Samuel Kiala, sublinhou que, durante o encontro com o Chefe de Estado, apresentaram preocupações que têm a ver com a falta de habitação, desemprego e insuficiências na educação. "Saímos do Palácio Presidencial satisfeitos, pois fizemos entender as recomendações da juventude, principalmente nas zonas suburbanas, onde, como líder juvenil, tenho captado as principais preocupações da juventude na periferia", disse Kiaku Kiala, que pede soluções sustentáveis aos problemas da juventude.
O líder da juventude da FNLA disse esperar que todas as questões apresentadas ao Chefe de Estado venham a reflectir, na prática, o desejo dos jovens para que se sintam partícipes na construção de uma nova Angola.
JURA E O 14 DE ABRIL
Já o secretário-geral da JURA, Agostinho Kamuango, disse ter levado ao Palácio Presidencial preocupações de âmbito político, económico e social, fundamentalmente o "tema fracturante" sobre o dia da Juventude Angolana.
Face ao quadro, o Presidente da República recomendou que seja encontrada uma data concreta e consensual que possa ser aprovada, contou Agostinho Kamuango. "O dia que celebramos como sendo da juventude angolana não corresponde ao que representa a vontade de toda a juventude. Nós não nos revemos no 14 de Abril ", disse o líder juvenil da UNITA, referindo-se a data em que morreu, em combate (em 1968), o comandante José Mendes de Carvalho "Hoji-ya-Henda" e em que se comemora o Dia da Juventude Angola. Para Agostinho Kamuango, Hoji-ya-Henda é o patrono da JMPLA, razão pela qual não reúne o consenso de toda a juventude.
O secretário-geral da JURA sugeriu a criação de uma Lei sobre as Políticas Juvenis do Estado e disse esperar que o Ministério da Juventude e Desportos seja capaz de despoletar o mecanismo para que esse diploma exista. A par desta questão, a JURA apresentou questões ligadas ao desemprego, bolsas de estudo e a necessidade de uma maior participação da juventude na vida pública."O Presidente da República tomou boa nota. Esperamos que os próximos dias venham a revelar que se está a fazer alguma coisa em prol da juventude", disse.
O líder do braço juvenil da UNITA manifestou preocupação com o nível de intolerância política que ainda se vai registando no país. "Apresentamos a questão da intolerância que continuam a fazer caminho no país e com alguma preocupação", contou Agostinho Kamuango, apontando como exemplo recente o caso que se deu no Huambo. Kamuango disse ser importante que o Presidente da República leve em consideração a situação para que se possa viver livremente e dentro do respeito dos direitos políticos de todos os cidadãos.
PR CONTA COM OS JOVENS
O representante da JMPLA, Nuno Caldas Albino "Carnaval", que integrou o grupo de 11 jovens que manteve o encontro com o Chefe de Estado, realçou que João Lourenço mostrou e demonstrou que está com a juventude e conta com os jovens.Nuno Carnaval referiu que este facto conduz a juventude a uma maior responsabilidade e a um maior engajamento que permita a que se mobilize a juventude, não só para a sua participação cívica, mas também para a cidadania. "Às questões que foram colocadas relativas aos problemas nucleares da juventude como habitação, formação e ao ensino, o Presidente deu garantias de melhoria em alguns sectores, melhoria do diálogo e necessidade de maior concertação política", lembrou.Na sua visão, tudo isso pode elevar a pluralidade de participação juvenil, inclusão e concretização dos principais eixos de medidas de políticas para que estejam em linha com as aspirações da juventude.
Relativamente ao 14 de Abril, Nuno Carnaval contrariou a posição do secretário-geral da JURA. Lembrou que o CNJ realizou, na altura, uma assembleia-geral na qual participaram todos membros, dos quais cerca de 90 por cento optou pelo 14 de Abril como o Dia da Juventude Angolana, por entender que Hoji-ya-Henda foi um jovem que se integrou no movimento de libertação para a conquista de um bem maior: a liberdade de todo o povo angolano. O consenso, disse, também foi justificado com o facto de a efeméride ser no mesmo mês em que se comemora o Dia da Paz e Reconciliação Nacional (4 de Abril), "um bem inalienável do povo angolano, depois da Independência Nacional".