“Procura-se o Presidente João Lourenço de 2017, 2018 e 2019”, afirmou hoje o presidente do grupo parlamentar da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido na oposição angolana, Liberty Chiyaka.
Para o político da UNITA, que falava hoje em conferência de imprensa, em Luanda, sobre a “Crise de Confiança nas Instituições Públicas”, o combate à corrupção, no país, “foi substituído pela proteção dos camaradas “yes man”, amigos e aliados da estratégia de gestão do poder”.
“Urge combater a hipocrisia”, exortou Liberty Chiyaka.
O combate à corrupção, à impunidade e ao nepotismo constituem alguns dos principais eixos de governação de João Lourenço, há quase quatro anos no poder.
Segundo o também deputado angolano, em 2017, o Presidente angolano “teve a mudança nas mãos”, mas, observou, “entre salvar o país ou o seu partido, MPLA, preferiu salvar um grupo de camaradas, por isso, o país regrediu muito”.
Liberty Chiyaka considerou que Angola “é hoje um país menos inclusivo, menos livre e menos democrático do que foi há dois anos” para fundamentar o que denomina de “sequestro” ao Presidente angolano.
“O poder judicial é hoje uma muleta do poder executivo autocrático”, referiu, acrescentando que “o sonho alimentado pelo discurso de tomada de posse e alguns atos dignos de um estadista reformista tornou-se um pesadelo”.
Neste ambiente de “medo, terrorismo de Estado e afirmação de um novo poder autocrático, muitos angolanos não têm confiança nas instituições de saúde, por isso, preferem morrer a ficar à mercê dos comités de especialidades de médicos e enfermos do regime”, notou.
Lamentou igualmente a morte de seis deputados da UNITA, nos últimos seis meses, referindo que “alguns destes não teriam morrido, nesta fase, se não fossem os receios e desconfianças de ordem política que habitam no seio de muitos angolanos”.
O deputado angolano afirmou também que “existem receios fundados que afastam muitos dos compatriotas e correligionários dos hospitais públicos”.
Esta situação de desconfiança e receios, explicou, “nada tem a ver com a competência técnica” dos profissionais de saúde, mas com “fatores estruturais de agressão ao Estado democrático e de direito”, apontando “a partidarização das instituições do Estado e a existência de comités de especialidade de médicos e enfermeiros do partido no poder, caso único no mundo”.
O líder parlamentar da UNITA acusou igualmente a comunicação social pública, os serviços de informações, os gabinetes de comunicação institucional e ação psicológica do Presidente angolano, “pagos com dinheiros públicos”, de estarem “transformados em órgãos partidários de demonização e criminalização dos principais adversários políticos”.
Angola “precisa refletir sobre o rumo que o país está a tomar e redesenhar a essência do compromisso político público. O poder desse ser um meio para servir a sociedade”, defendeu o deputado.
A “crise social e económica”, dos últimos cinco anos, “provocada pela petro-dependência e o baixo preço do barril de petróleo, agravada nos últimos 12 meses pela covid-19”, foi também deplorada pelo político da UNITA.
Chiyaka anunciou ainda que o seu grupo parlamentar decidiu declarar o 8 de Maio, dia da morte do deputado Raul Danda, como o Dia do Deputado do Grupo Parlamentar da UNITA, período em que anualmente serão homenageados todos os deputados e ex-deputados.
O responsável saudou ainda o 25 de Maio, Dia de África, que hoje se assinala, e “enalteceu o espírito dos pais fundadores da União Africana que ambicionaram uma África unida, democrática, desenvolvida e próspera”.