Segundo o coordenador da FPU, Adalberto Costa Júnior, que lia hoje, em conferência de imprensa, uma declaração desta plataforma política, criada em 2022, sobre a situação política do país, o Governo falhou na programação, logística e gestão dos recursos humanos, estando agora envolvido “em muitas incertezas e dificilmente terá um resultado fiável e confiável quer para entidades nacionais quer para organizações internacionais”.
“Todos vimos que o Governo não proporcionou os meios materiais e financeiros necessários para a realização do censo, de forma exitosa como aconteceu em 2014.
A FPU exige a anulação do censo e a sua reformulação para ser executado de forma séria e credível, de forma a ser um instrumento útil para a gestão do país”, frisou.
O censo populacional angolano 2024 arrancou a 19 de setembro passado, para um período de 30 dias, contudo, o Instituto Nacional de Estatística (INE) prorrogou o prazo para mais 30 dias, devido a constrangimentos registados nas duas primeiras semanas do início do processo.
Adalberto Costa Júnior, líder da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana, que integra juntamente com o PRA-JA Servir Angola, de Abel Chivukuvuku, coordenador-adjunto, o Bloco Democrático, de Filomeno Vieira Lopes, e membros da sociedade civil, a FPU, criticou também o pronunciamento do Presidente angolano, João Lourenço, no discurso sobre o Estado da nação, ao acusar os deputados de estarem envolvidos no tráfico de combustíveis.
Para a FPU, o Presidente angolano, diretamente ou através dos seus auxiliares, substitui-se ao Ministério Público, “porque se acha senhor de todos os poderes”, instando o chefe de Estado de Angola a informar a opinião pública e os órgãos de justiça “quem são os altos responsáveis que estão implicados no contrabando de combustíveis”.
“Não tendo nada para apresentar de substancial sobre o combate à corrupção, decidiu enlamear os deputados, lançando sobre todos eles a ignomínia e suspeição de que poderão estar envolvidos no tráfico de combustíveis”, disse.
Na sua declaração, a FPU considera que a celebração dos 50 anos de independência nacional “não pode ser um pretexto de glorificação do partido Estado contra o Estado democrático de direito, nem de exaltação dos feitos e figuras do país MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no poder desde a independência, em 1975]”.
Angola celebra 50 anos de independência no dia 11 de novembro de 2025, que começam a ser comemorados a partir de 11 de novembro do ano em curso, estimando-se a participação de 8.000 pessoas e representantes de 70 países convidados.
“Achamos que estas comemorações têm que ser inclusivas e devem permitir uma reflexão coletiva sobre o nosso percurso, como povo e como Estado. A FPU considera que o país não deve continuar a viver a realidade virtual que o regime autoritário impõe a todos os cidadãos, através do férreo controlo dos órgãos de comunicação social”, disse.