Em declarações à agência Lusa, Simão Hossi indicou que, na terça-feira, realizou-se um encontro entre os seus advogados e os mandatários do restaurante Café Del Mar no Centro de Resolução Extrajudicial de Litígios (CREL), em Luanda, em que as duas partes não chegaram a acordo, pelo que vai avançar para tribunal.
Simão Hossi lembrou que o ato de "agressão e discriminação" aconteceu a 26 de agosto quando, juntamente com amigos visitou o restaurante para momentos de lazer com amigos.
"Chegamos ao restaurante e, logo depois, fui convidado a abandonar o local por entenderem que eu estava mal vestido, sujo, e inadequado para o local, onde muita gente também estava vestida de forma simples", contou anteriormente à Lusa.
"Manifestei indignação contra a postura do restaurante, busquei justificações e eles viram-se na obrigação de chamar a segurança que, de forma violenta, retiraram-me do estabelecimento", acrescentou .
De acordo com o queixoso, no encontro de terça-feira, mediado pelo CREL, os seus advogados apresentaram três propostas, entre elas, "um pedido de desculpas públicas e uma compensação de 50 milhões de kwanzas", mas, referiu, a outra parte rejeitou-o "na totalidade".
"Propusemos também à gerência do restaurante a elaboração de uma declaração onde assumissem o compromisso de que atos do género jamais aconteceriam naquele estabelecimento, mas tudo isso foi rejeitado por eles", esclareceu.
"Os mandatários do restaurante foram bastante arrogantes, a ponto de dizerem que não pedem desculpas e nunca vão fazê-lo. Eles nem sequer aceitaram receber a nossa proposta por escrito para a analisar. Recusaram-na categoricamente e, para eles, não há negociação", salientou.
Em setembro, elementos da sociedade civil angolana, solidária com Simão Hossi, marchou em repúdio contra a "desumanização em locais sociais públicos" com o lema "Não Ao Racismo, No Mar Contra o Del Mar".
Na ocasião, a gerência do restaurante, numa nota de esclarecimento, refutou as acusações, referindo que Simão Hossi estava "trajado de maneira desadequada e inaceitável, contrariamente às normas de decoro e de apresentação do restaurante".
"O referido individuo estava trajado de maneira desadequada e inaceitável (calças sujas, camisola rasgada, chinelos em péssimas condições e aparente falta de higiene), contrariamente aos seus companheiros, que foram acompanhados pela rececionista", lia-se.
Segundo a gerência, "são infundadas as acusações de agressões" de que Simão Hossi diz ter sido alvo no local, recordando que, "em qualquer instituição, pública ou privada, as regras de decoro e de apresentação devem ser cumpridas por todos os frequentadores".
Hoje, Simão Hossi sublinhou que, no encontro de terça-feira, os mandatários do restaurante reiteraram o posicionamento expresso na nota de esclarecimento e referiu que a gerência se predispôs a oferecer-lhe "cinco sessões de consulta num psicólogo".
"Por que razão me foi feita esta oferta? Dá para entender essa ofensa, vindo uma vez mais daquele estabelecimento. Para eles, provavelmente, o agredido deve estar bastante abalado, porque manifestei isso", sustentou.
"Os vestígios do choque psicológico continuam e pensam que, como a minha psique não está bem, querem tentar colmatar o meu alegado desvio mental", lamentou.
Assim sendo, acrescentou, "sem qualquer acordo" e com o "avolumar das ofensas, não nos resta mais nada se não fazer recurso ao tribunal para dar seguimento ao caso. E aí veremos quem tem razão", concluiu.