A operação foi apresentada hoje, em Luanda, pelo ministro do Interior angolano, Ângelo de Barros Veiga Tavares, num encontro com diretores departamentais das diversas forças de segurança de Angola, pretendendo as autoridades operar uma revolução no comportamento e conduta dos cidadãos.
Até 06 de novembro, sublinhou o ministro, irá decorrer um período de sensibilização da população, após o qual as autoridades irão atuar "decididamente" com base numa estratégia que passa por sete eixos fundamentais.
Trata-se dos problemas provocados pela urbanização "desordenada" das cidades, pela "deficiente" circulação rodoviária, pela imigração ilegal, pela "punição" à destruição de bens públicos, pela caça furtiva, fauna e flora, pela poluição sonora e pela "falta de controlo" dos pais e tutores em relação a menores.
No que diz respeito aos problemas ligados à desorganização na urbanização das cidades, Veiga Tavares destacou que as forças de segurança vão combater a ocupação dos espaços públicos para a construção de residências, casebres, lanchonetes ou instalação de mercados informais e outros, bem como a ocupação ilegal de reservas fundiárias para construção desordenada de bairros.
O combate será extensível aos mercados informais, armazéns e oficinas instalados ao longo dos principais eixos viários, "com influência negativa na circulação viária", dos mercados informais nas zonas pedonais e nas passagens aéreas para peões e à venda de produtos de roubo e de furto, como para peças para viaturas e telemóveis.
No domínio da circulação rodoviária, vai ser combatido o "uso alternativo e ilegal" de motociclistas de passageiros e exercício ilegal de táxi, "urge organizar, ordenar e disciplinar", bem como a venda ambulante nos congestionamentos e nos pontos de carga e descarga de passageiros.
Relativamente à imigração ilegal, e em paralelo com outra iniciativa já em curso, integrada na "Operação Transparência" que decorre atualmente em sete províncias angolanas - será estendida a mais quatro em breve -, Veiga Tavares destacou a "persistência" da parte de cidadãos nacionais no apoio a esta prática, situação que se reflete "negativamente em muitos aspetos".
Entre eles, sublinhou, estão o tráfico ilegal de diamantes, o contrabando de mercadorias e a fuga ao fisco, o tráfico de drogas, a obtenção fraudulenta de documentos nacionais, o exercício ilegal de atividade de medicina e religiosa, à introdução de atos e de costumes estranhos à cultura nacional, contrafação discográfica, de mercadorias e de medicamentos, caça furtiva, pesca e exploração ilegal de recursos florestais, exploração ilegal de minérios e inertes.
"Isto tudo sem descurar também a participação de alguns imigrantes, legais, no cometimento de crimes, alguns deles violentos", acrescentou.
Em relação à destruição de bens públicos, "cometidos muitas vezes à vista de todos que ficam impávidos e serenos a assistir sem denunciar", disse Veiga Tavares, está a luta contra a subtração de cabos elétricos e de placas solares, "que dificulta e restringe o sistema de distribuição de energia", a destruição de condutas de água e de contadores, o furtos de bombas de água, destruição de equipamentos hospitalares e atos e vandalismo.
Já no domínio da fauna e flora, o ministro angolano prometeu combater a queima de florestas e de matas para comercialização de madeira ou para a caça predatória, a destruição de ecossistemas, "que provoca a diminuição e extinção de espécies animais", e a contaminação e poluição de recursos hídricos e o despejo de lixo e mesmo de lixo hospitalar em esgotos.
Outra frente de combate é a poluição sonora, com o uso de equipamentos sonoros de alta potência em festas e convívios que se prolongam pela noite fora e mesmo em viaturas particulares e de passageiros, e os ruídos provocados por viaturas em mau estado, pelas oficinas e mecânicas de bate chapa existentes ao longo das vias, pelo funcionamento de estaleiros de construção e por igrejas e seitas "barulhentas".
Em relação à questão dos menores, o ministro indicou que as forças de segurança angolanas irão estar com particular atenção à "falta de controlo dos pais ou tutores" das crianças, sobretudo às que são vítimas de violência doméstica ou "acusadas de feiticismo".
"O nome da operação foi pensado por que há a necessidade de se resgatar a autoridade do Estado, que tem sido ferida aqui e ali, alterando condutas e comportamentos que acabam por ter implicações no domínio da segurança pública", disse.
Segundo Veiga Tavares, a operação, "resumidamente", visa reforçar a autoridade do Estado em todos os domínios, reduzir os principais fatores que desencadeiam a desordem e a insegurança, bem como os da violência urbana e da sinistralidade rodoviária, aperfeiçoar os mecanismos e instrumentos para a prevenção e combate à imigração ilegal, e proibir a venda de produtos não autorizados em mercados informais.