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Trabalhadores do Caminho-de-Ferro de Luanda em greve por tempo indeterminado

Post by: 14 January, 2019

Os trabalhadores do Caminho-de-Ferro de Luanda (CFL) iniciaram hoje uma greve por tempo indeterminado, para entre várias outras reclamações reivindicar um aumento em 80 por cento do salário.

Em declarações à agência Lusa, o primeiro secretário do Sindicato de Trabalhadores do CFL, José Carlos, disse que a adesão à greve ultrapassou as expetativas, salientando que a paralisação é geral nas províncias de Luanda, Cuanza Norte e Malange, o troço que compreende o caminho ferroviário.

José Carlos referiu que apesar da adesão total, há informações de que os grevistas no Cuanza Norte estão a receber ameaças.

"Mas nós estamos calmos e serenos", disse o sindicalista, recordando que 19 pontos compõem o caderno reivindicativo.

Segundo José Carlos, o último encontro com a entidade patronal ocorreu na quinta-feira, que se estendeu até de madrugada, mas apenas alguns pontos foram abordados.

Os resultados deste encontro foram dados a conhecer, na sexta-feira, ao coletivo de trabalhadores, que se recusaram a aceitar a resposta da entidade patronal, sobretudo no que se refere ao aumento salarial.

"Esse ponto não foi negociado, porque a empresa diz que não tem dinheiro para aumentar os trabalhadores nem sequer um por cento dos 80 que pedimos, resultado que nos fez manter a greve por tempo indeterminado", referiu.

Contudo, os serviços mínimos exigidos por lei estão salvaguardados, avançou José Carlos, frisando que estão a ser realizados dois comboios, de manhã e à tarde, em Luanda, da estação do Bungo até Viana, garantindo o transporte a perto de 350 pessoas por viagem.

Além do aumento salarial, os grevistas exigem também a atribuição de subsídios de alimentação, transporte e instalação.

Relativamente aos comboios de carga e de passageiros interprovincial, com corridas bissemanais ficam paralisados na totalidade.

Com cerca de 900 trabalhadores, o CFL realiza por dia 17 viagens de comboio suburbano de passageiros, garantindo o transporte a mais de 6.000 pessoas, ao custo de 500 kwanzas (1,3 euros), em primeira classe, 200 kwanzas (0,55 cêntimos de euros, em segunda classe, e 30 kwanzas (0,08 cêntimos de euros), em terceira classe.

Contactado pela Lusa, o porta-voz do CFL, Augusto Osório, confirmou a paralisação total dos serviços, salientando que no último encontro, na sexta-feira, ficou acordado com os membros da comissão negociadora de que deveria ser protelado o início da greve, tendo em conta que a maior parte dos pontos do caderno reivindicativo - 18 dos 19 - foram já respondidos favoravelmente pela administração.

De acordo com Augusto Osório, o acordo celebrado na presença dos representantes dos Ministérios dos Transportes e da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, não foi cumprido pelos sindicalistas, que hoje decidiram pela paralisação dos serviços.

"Verificamos hoje a realização pela manhã de apenas um comboio, que às 06h30 partiu da estação do Bungo e está previsto um no período da tarde, que vai partir da estação do Bungo com destino à estação do entroncamento", explicou.

Augusto Osório frisou que a exigência fundamental que tem condicionado um acordo total é o aumento de 80 por cento do salário dos trabalhadores, para qual a empresa está sem condições financeiras para responder.

"Os atuais salários são pagos com recurso ao que vem do Orçamento Geral do Estado, através do subsídio operacional, que é fornecido mensalmente pelo Estado. Estamos sem condições de responder positivamente a esta pretensão dos trabalhadores e pensamos que qualquer reivindicação tem que ser feita numa base de racionalidade e de razoabilidade", referiu.

O porta-voz do CFL garantiu que estão abertos ao diálogo para encontrar a solução para o problema.

"Os trabalhadores têm que ter em conta que face às perdas diárias que vamos ter fruto dessa paralisação, só aqui no transporte suburbano de Luanda, diariamente vamos deixar de transportar cerca de 7.000 passageiros e vamos ter um prejuízo diário de 1.500.000 kwanzas (4.193 euros)", disse.

"Isso vai significar que todas as outras questões que foram aceites durante as negociações com os trabalhadores poderão de alguma forma fazer com que tenhamos mais dificuldades para superação ou satisfação das exigências que já foram acordadas", sublinhou.

Last modified on Friday, 04 November 2022 21:50
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