Para o CFL, além de injustificada, a nova paralisação, depois da primeira realizada em janeiro deste ano, "fere o princípio do bom senso e da razoabilidade na resolução dos problemas levantados no caderno reivindicativo, na medida em que decorre a implementação dos pontos constantes do mesmo".
Os trabalhadores, em assembleia realizada na sexta-feira, decidiram pela greve, por falta de atendimento da parte da entidade patronal do principal ponto de reivindicação, o aumento em 80% dos seus salários.
A administração do CFL refere que, como resultado do acordo, 17 dos 18 pontos constantes do caderno reivindicativo estão implementados ou em fase de execução de forma paulatina, ou seja, mais de 90% do mesmo.
A nota emitida hoje à comunicação social, a que agência Lusa teve acesso, adianta ser do conhecimento do Sindicato Independente dos Derroviários de Angola que o CFL viu-se forçado a interromper a circulação ferroviária para Ndalatando, província do Cuanza Norte, e Malange, logo a seguir à assinatura do acordo, tendo a paralisação durado cerca de 50 dias.
O CFL afirma que a circulação para o Dongo continua interdita devido aos estragos provocados à linha na sequência das fortes chuvas que caíram sobre a região, "resultando em grandes prejuízos financeiros, o que condicionou em grande medida o ritmo de implementação dos acordos".
"A paralisação da circulação dos comboios para Ndalatando e Malange durante 50 dias resultou num prejuízo de mais de 23 milhões de kwanzas (64.291 euros)", refere a nota, acrescentando que os prejuízos resultantes dos 14 dias de greve, em janeiro, estão avaliado em 17 milhões de kwanzas (47.519 euros), "situação que levou ao atraso no pagamento dos salários dos trabalhadores no mês de fevereiro".
Com vista a aumentar as receitas e a cumprir com o acordo, a administração do CFL informa que elaborou um Plano de Negócios de Emergência que prevê a construção de três novos ramais - Boavista, Lucala e Malange - para aumentar a capacidade de transporte de combustível e a recuperação de todo o material circulante avariado.
O plano inclui também a construção de quatro novos ramais de transporte de minério nos futuros projetos de exploração mineira ao longo do corredor de Malange, a restruturação da força de trabalho e o transporte de carga em grande escala para Malange (peixe, Inertes e produtos agrícolas), estando em curso um processo para assinatura de um contrato de reabilitação e manutenção do troço Zenza-Cacuso.
Segundo a direção da empresa, mensalmente recebe do Orçamento Geral do Estado, como subsídio operacional, que cobre apenas 83% do fundo salarial, 102 milhões de kwanzas (285.117 euros).
Adicionado àquele valor, a empresa tem como receitas próprias 30 milhões de kwanzas (83.858 euros), para fazer face a todas as despesas mensais que estão estimadas em 280 milhões de kwanzas (782.675 euros), indica ainda o CFL.
Face à situação, a direção da empresa apela "ao bom senso da comissão sindical e dos trabalhadores", manifestando, "mais uma vez, a sua disposição para um contínuo diálogo, tendo em vista a resolução de todos os problemas dos trabalhadores".
"As sucessivas greves em nada ajudarão a resolver os problemas existentes, apenas vão depauperar ainda mais a já difícil situação da empresa, e convidamos todos os trabalhadores a se unirem à administração da empresa para sairmos da situação em que nos encontramos", exorta o CFL.