Embora a Epal esteja a tranquilizar a população, certo é que já há pessoas, entre as quais moradores das centralidades Vida Pacífica, Sequele e Kilamba, que dizem ter sido vítimas de alergia, disenteria e infecção urinária, resultantes da água que estão a consumir.
O porta-voz da Epal, Vladimir Bernardo, disse, ontem, ao Jornal de Angola ter a em-presa pública feito oportunamente um comunicado, no qual esclarece que o actual aspecto visual da água potável se deve à alteração da característica da água bruta no rio Lwei, afluente do rio Kwan-za, onde é captada pela Estação de Bombagem do Bita, que a fornece à Estação de Tratamento do Kilamba.
A alteração da água bruta no rio Lwei, de acordo com Vladimir Bernardo, chegou ao conhecimento da Epal no dia 28 de Março e foi causada pelas “fortes chuvas” que caíram sobre a província de Luanda.
Também pelas mesmas razões, está a ocorrer, desde o dia 11 deste mês, uma alteração da característica da água bruta no rio Bengo, onde o lí-
quido é captado para as estações de tratamento de água do Candelabro e Kifangondo, estando assim o fenómeno igualmente na origem das reclamações de clientes de outros pontos da parte norte da província de Luanda. Os moradores da cidade do Ki-lamba foram os primeiros a reclamar da má qualidade da água potável.
“Até agora, não estamos a conseguir eliminar o aspecto visual da água, mas ela está em condições de ser consumida”, reiterou Vladimir Bernardo, para quem “resolver o problema da cor é a luta que temos.”
As fortes chuvas arrastam pântanos e lixo resultante da queimada de árvores, um facto que está na origem da alteração da água bruta do rio Bengo, de onde sai água para o Centro de Tratamento de Kifangondo, que abastece vários bairros da zona norte de Luanda, e do rio Lwei, que fornece água aos moradores da cidade do Kilamba, através da Estação de Tratamento do Kilamba.
“Não há um horizonte temporal, para a reposição da cor normal da água, mas tudo está a ser feito para que seja o mais breve possível”, adiantou Vladimir Bernardo, que disse estarem entre as áreas afectadas os bairros Cazenga, Marçal, Bairro Operário, Sambizanga, Vila Alice, São Paulo, Boavista (áreas que dependem dos centros de Distribuição do Marçal, Cazenga e Mulemba), assim como a urbanização Vida Pacífica e as cidades do Sequele e Kilamba.
“Estão a ser tomadas medidas correctivas para ultrapassar o aspecto visual da água, mas asseguramos que a água passa por todo o processo convencional de tratamento”, declarou o porta-voz da Empresa Pública de Águas, que assegurou não haver escassez de produtos químicos para o tratamento da água.
O porta-voz adiantou que “todos os armazéns existentes em cada estação de tratamento de água têm stock suficiente de cal, cloro gasoso, sulfato de alumínio e hipoclorito de cálcio para atender à produção de água até ao final do ano.”
O armazém central da Epal, cuja missão é garantir a manutenção do stock nos armazéns das estações de tratamento de água e centros de distribuição, também tem reservas suficientes, acrescentou Vladimir Bernardo.
O responsável informou ao Jornal de Angola que equipas técnicas da empresa estão a fazer a monitorização da qualidade da água, a montante e a jusante da rede de distribuição, para a certifica-ção dos parâmetros de qualidade e, posteriormente, de forma gradual, o restabelecimento dos níveis até à normalização completa.
O porta-voz da Epal aproveitou a ocasião para informar que a empresa pública realiza, desde 20 de Março, uma campanha de sensibilização, co-brança e cortes selectivos no Distrito Urbano do Zango, de-vendo o trabalho estender-se até 30 deste mês de Abril.
A campanha visa ainda sensibilizar os moradores dos Zangos III e IV para a raciona-lização do consumo de água, uma vez que se regista um elevado desperdício nas duas áreas habitacionais.
População é aconselhada a ferver a água que recebe
A chefe de departamento de Inspecção Sanitária do Ministério da Saúde, Luísa Hamuyela, informou estar prevista, para os próximos dias, uma visita de técnicos de saúde à Epal para a verificação das tubagens e de todo o sistema de tratamento de água.
A visita é resultante da ac-tual coloração da água que está a chegar a vários bairros da província de Luanda. Luísa Hamuyela afirmou que, pela forma como a água se apresenta, não garante potabilidade para o consumo humano, a não ser que passe pelo processo de decantação ou de fervura.
A funcionária do Ministério da Saúde alertou que, se não estiver devidamente tratada, a água pode tornar-se um líquido nocivo à saúde humana, aumentando assim o número de doentes com diarreias agudas.
“Vamos testar a qualidade da água com análises em laboratórios, porque as características que a mesma apre-senta não oferecem garantias”, alertou ainda Luísa Ha-muyela, acentuando que “os parâmetros a serem avaliados são microbiológicos, físicos, químicos e radioactivos, padrões que atestam a potabilidade da água que, se forem alterados, não dá a qualidade que se pretende.”
Luísa Hamuyela adiantou que tem acompanhado o problema da mudança de cor da água potável que está a ser consumida em Luanda, por meio dos órgãos de comunicação social e das redes sociais e renovou o conselho: “a população deve ferver a água ou submetê-la ao processo de decantação, antes de a usar, quer para beber, quer para tomar banho.” JA