Segundo o juiz da Audiência Nacional, José de la Mata, um tribunal especial que investiga e julga os casos mais graves de corrupção, existem indícios sólidos que indicam a negociação de contratos de fornecimento de material para a polícia que consistia em “conseguir contratos públicos mediante o pagamento de comissões ilícitas a autoridades e funcionários públicos angolanos”.
O magistrado José de la Mata sustenta, no auto de abertura do julgamento, que foram dadas comissões extraordinárias a agentes e dirigentes de várias empresas espanholas, que “aproveitaram para se apropriar de quantidades multimilionárias a partir dos contratos (…) para benefício próprio”.
Entre os crimes que vão ser julgados estão os de corrupção em transacções comerciais internacionais, delito contra o Tesouro, apropriação indevida de fundos públicos, lavagem de capitais, falsificação de documentos e associação ilícita.
Por seu lado, a procuradoria anti-corrupção pede penas de prisão que vão de dois a 50 anos para os acusados.
Entre os antigos dirigentes da Defex envolvidos estão o ex-presidente da empresa, José Ignacio Encinas, e o antigo director comercial, Manuel Iglesias-Sarriá, que enfrentam a pena maior de 50 anos e sete meses de prisão.
O magistrado esclareceu que, para ficar em liberdade, os 24 acusados terão de depositar fianças que, no total, ultrapassam os 400 milhões de euros (entre a multas e a responsabilidade civil).
A Defex, empresa detida em 51% pela Sociedade Estatal de Participações Industriais (SEPI) espanhola, está a ser investigada desde 2014 pela Audiência Nacional, por um esquema de contratos de venda de armas e equipamento de defesa em diversos países: Angola, Camarões, Egipto, Brasil e Arábia Saudita.