O presidente do MEA, Francisco Teixeira, disse à Lusa que a lei de acesso às universidades privadas impõe um teste rigoroso aos candidatos e só após a aprovação é que estes devem fazer as inscrições, um procedimento que, afirmou, tem sido violado pelas instituições.
“O que temos notado em algumas universidades é que há umas que fazem os testes e dão já assim aos seus alunos com as questões respondidas e algumas têm dado folhas limpas, mas com as perguntas já nos rascunhos”, declarou.
Segundo o líder estudantil, a busca pelo lucro faz com que as referidas instituições façam os testes, na fase de ingresso, sem qualquer rigor para avaliar o nível de aptidão dos candidatos.
“Como os privados têm como principal objetivo o lucro, estas sentem-se no direito de não reprovarem ninguém, de não questionarem a capacidade dos estudantes e dão o acesso direto”, realçou.
O Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação (MESCTI) angolano anunciou, na segunda-feira, que vai averiguar “de imediato” denúncias sobre “práticas inadequadas” que comprometem "a seriedade do processo de acesso" e a idoneidade das instituições do ensino superior e sancionar os implicados.
A entidade ministerial afirmou, em comunicado de imprensa, que se registaram em algumas instituições do ensino superior, no ano académico 2022-2023, situações de incumprimento das regras do acesso aos cursos de ensino superior, tendo sido aplicadas medidas sancionatórias.
Segundo o MESCTI angolano, em relação ao acesso para o ano académico 2023-2024, têm chegado informações sobre “práticas inadequadas e anomalias” que “colocam em causa a seriedade do processo de acesso e a idoneidade” das instituições do setor.
Francisco Teixeira aplaudiu a medida do Ministério, considerando a decisão acertada, sobretudo pelo compromisso de agir antes do início do ano académico 2023-2024, contrariamente à posição tomada a meio do último ano académico.
“Penso que a medida do Ministério é acertada, porque no ano passado agiu no meio do ano e prejudicou milhares e milhares de estudantes. Este ano o Ministério antecipou-se perante o ensino privado no sentido de observarem a lei de acesso às universidades privadas”, afirmou.
Para o presidente do MEA, as irregularidades constatadas pelo MESCTI “têm manchado o bom nome de Angola no exterior” e também contribuem para que o país continue em níveis inferiores no ‘ranking’ mundial das universidades.
“Está de parabéns o Ministério, pela forma como tem fiscalizado as universidades, faculdades privadas, está de parabéns por se antecipar a este fenómeno”, rematou.