ANATA pede ajuda das igrejas para convencerem autoridades angolanas a libertar vice-presidente

Post by: 09 August, 2025

O líder da Associação Nacional dos Taxistas Angolanos (Anata) disse hoje que foi solicitada intervenção das igrejas junto das autoridades, para se libertar o vice-presidente desta organização, detido há uma semana.

Francisco Paciente falava à imprensa no final de um encontro entre a Anata e a Comissão Inter Ecclesial, constituída pela Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), Aliança Evangélica de Angola (AEA), Conselho de Igrejas Cristãs em Angola (CICA) e Fórum Cristão Angolano (FCA).

Segundo Francisco Paciente, no encontro foi abordada a preocupação ligada à detenção do vice-presidente da Anata, Rodrigo Catimba, que, alegou, “nada tem a ver com as situações que ocorreram naquela data”.

Rodrigo Luciano Catimba foi detido no dia 31 de julho, na província de Benguela, três dias após os protestos e tumultos registados em várias províncias angolanas, na sequência da greve decretada pelos taxistas, convocada pela Anata, entre os dias 28 e 30 de julho passado, que resultou em 30 mortos, mais de duas centenas de feridos e mais de 1.500 detenções, segundo dados das autoridades angolanas.

O Serviço Investigação Criminal (SIC) de Angola anunciou, na ocasião, que Catimba foi detido por suspeitas de incitação à violência, apologia de crime, rebelião e terrorismo.

De acordo com o advogado de Rodrigo Catimba, a detenção é ilegal, argumentando que durante o interrogatório, o juiz de garantias se baseou “simplesmente” num vídeo que circula nas redes sociais, datado de 25 de julho, onde o seu cliente convocava a paralisação dos táxis.

“Aproveitamos falar da preocupação da detenção do vice-presidente da Anata, pedir a intercessão da igreja para que os nossos governantes, as instituições de justiça, deem a liberdade àquele jovem taxista, que nada tem a ver com as situações que ocorreram naquela data”, referiu Francisco Paciente.

O presidente da Anata disse que a detenção do seu adjunto está a ser acompanhada por advogados, sublinhando que tem falado com Rodrigo Catimba, garantindo que “ele está bem e o processo está a seguir os seus trâmites legais”.

“Nós entendemos que, enquanto isso, vamos efetivamente pautar por uma postura digna, enquanto taxistas, enquanto associação. Estamos a prestar a nossa solidariedade todos os dias, porque é um membro sénior da Anata e é um taxista, estamos a prestar o nosso apoio à família e ao corpo de advogados”, referiu.

Por sua vez, as igrejas apelaram ao diálogo na busca de soluções, prometendo continuar a fazer ponte entre o Estado e as franjas mais baixas da sociedade, “que são aquelas que estão a fervilhar muito mais”, disse o representante da CEAST no encontro, padre José João.

A igreja vai continuar a fazer a sua diplomacia, a sua pressão positiva, no sentido de que o Estado angolano acuda com rapidez as mais variadas situações de carência que o nosso povo vive”, salientou.

Segundo o reverendo Luís Gimbi, da Igreja Evangélica de Angola, este é o primeiro de outros encontros que as igrejas pretendem realizar antes de apresentarem uma proposta ao Governo, sobre a situação social e económica do país.

“Estamos com os taxistas, vamos continuar a trabalhar com outros grupos entre políticos, sociedade civil e, por fim, colhidos esses subsídios todos, vamos trabalhar com o Executivo, a quem nós confiamos, com o nosso voto colocado na urna para gerir o país”, referiu, apelando ao diálogo.

“Apelamos que, neste momento, que as ondas estão muito agitadas, haja calma (…) vamos seguir a vida normal, colocando de lado certas atitudes que tendem a agravar mais a situação”, realçou o antigo secretário-geral do CICA.

Também o reverendo Vladimir Agostinho, da igreja Metodista Unida e secretário-geral do CICA, considerou que os angolanos estão a viver uma situação em que é preciso “encontrar caminhos e soluções para resolver, que é a questão da subida do combustível”.

“Que mexe profundamente na vida das famílias, que estão sentido impacto não só da subida do táxi, mas também da cesta básica, mas isso não se resolve com vandalização, com pilhagens, com tudo aquilo que nós vimos nos dias 28, 29 e 30, nós não gostaríamos de voltar a reviver aquele triste cenário, em que vidas se perderam, isto resolve-se com diálogo”, destacou.

Last modified on Saturday, 09 August 2025 15:03
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