Oferta pública para privatizar 30% do Banco Fomento Angola decorre em setembro

Post by: 20 August, 2025

A oferta será a maior de sempre na bolsa angolana. O Estado detém 51,9% do BFA, através da UNITEL, e o BPI possui o restante capital.

O período de oferta pública para privatização de quase 30% do Banco Fomento Angola (BFA) vai decorrer em setembro, avançou nesta quarta-feira o responsável pelo Programa de Privatizações (Propriv 2023-2026) angolano. Esta informação confirma a expectativa anunciada pelo CEO do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do segundo trimestre de 2025.

O presidente do conselho de administração do Instituto de Gestão de Ativos e Participações do Estado (IGAPE), Álvaro Fernão, fez este anúncio no final da segunda reunião da Comissão Interministerial do Propriv, detalhando que o período de oferta está previsto entre a primeira e a última semana de setembro.

“Estaremos todos convidados a investir, a comprar ações do BFA já agora em setembro”, referiu o responsável, sublinhando que este banco vai ter “a maior oferta em bolsa desde a criação da bolsa de valores angolana”. Em 2024, o Estado angolano oficializou aprivatização de 15% da sua participação, maioritária, no Banco Fomento Angola (BFA), através de uma Oferta Pública Inicial (IPO, na sigla inglesa) na bolsa angolana, segundo um despacho presidencial.

Álvaro Fernão salientou que será “uma oferta grande”, contando que isso eleva a possibilidade de participação na compra deste ativo de investidores institucionais e particulares. “Estamos à espera de uma grande operação, é a maior que já tivemos e vamos ver que em fim de setembro poderemos dizer quanto é que nós conseguimos arrecadar”, sublinhou, realçando que vai ser privatizado quase 30% do capital social do BFA, sendo 15% da UNITEL e cerca de 14,6% do BPI.

O Estado angolano detém, indiretamente, 51,9% das ações do BFA, através da operadora de telecomunicações UNITEL, e o restante 48,1% do capital do banco pertence ao grupo português BPI, que já tentou anteriormente reduzir a sua participação neste banco angolano.

O presidente do IGAPE disse que na reunião foram analisados os resultados do primeiro semestre deste ano, o que se perspetiva até 2026 e a estratégia de mitigação sobre os incumprimentos operacionais e financeiros, para “dar mais alívio às empresas e poder garantir o normal funcionamento delas”.

De acordo com Álvaro Fernão, foram alcançados os objetivos no primeiro semestre do ano em curso, com a privatização de quatro grandes ativos, nomeadamente a fábrica de cimento CIF, por 180 mil milhões de kwanzas (165,7 milhões de euros), da unidade de montagem de automóveis na Zona Económica Especial, bem como da cervejeira.

“São três grandes ativos, mais um supermercado, no Zamba III, que perfazem um valor de cerca de 200 mil milhões de kwanzas (184,1 milhões de euros)”, sublinhou Álvaro Fernão, destacando que alguns desses ativos estão ainda em período de arranque, como a fábrica de automóveis, com previsão para novembro deste ano.

Relativamente aos incumprimentos, o presidente do IGAPE disse que a estratégia de mitigação “visa melhorar a relação com os adjudicatários, fazer compensações, negociações de prazos e garantir uma almofada operacional e financeira” para os mesmos. “As causas dos incumprimentos são de ordem financeira, muita delas, contratuais também, portanto, nós temos que dar folga em negociação de prazos, temos que renegociar alguns termos e garantir sobretudo o funcionamento dessas unidades que devem estar ao serviço da economia”, enfatizou.

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