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Angola estará preparada para concursos públicos transparentes?

Post by: 14 Abril, 2019

A nacionalização não pode ser "a ferro e fogo". É extremamente errada a ideia segundo a qual, por sermos angolanos e estarmos em Angola, as nossas empresas angolanas tenham de ser favorecidas em concursos públicos na disputa directa com empresas estrangeiras.

Por: Carlos Alberto (Cidadão e Jornalista)

Se o presidente da República tem andado pelo mundo todo a solicitar que empresas estrangeiras venham para Angola investir, para termos cada vez mais emprego e bens e serviços a preços e qualidade que favoreçam cada vez mais o cliente final, não faz nenhum sentido que empresas angolanas tenham de ser levadas ao colo, de forma pouco clara, na disputa de um lugar no mercado angolano.

As bocas que se ouvem em relação ao concurso público que "colocou" a empresa Telstar como a quarta operadora de telecomunicações em Angola não abonam o ambiente de negócios que Angola diz pretender fora de portas. Não é normal haver 27 empresas interessadas num negócio e só seis passarem à primeira fase, para depois só duas cumprirem todos os requisitos previstos no caderno de encargos.

Os números (de 27 para 2), de per si, mostram que alguma coisa não terá corrido bem. Ninguém precisa de ser cientista para perceber que o que mostra transparência num concurso público é exactamente o número de concorrentes à vaga. Quanto mais concorrentes houver; quanto mais se abrir o leque de escolhas, maior será a qualidade de disputa e o resultado final para um determinado lugar. A redução brusca indicia qualquer coisa de negativo para nós (Angola).

O jornalismo de investigação - que os nossos órgãos de comunicação social públicos não conseguem fazer, quando o actor se chama "Executivo" - tinha de entrar em cena para ajudar a perceber o que se passou. Uma coisa é certa: não é com concursos públicos duvidosos que vamos conseguir atrair investimento estrangeiro.

Dito de outro modo: todo o esforço do presidente da República João Lourenço em solicitar investimento estrangeiro para Angola é simplesmente reduzido a zero se o Executivo não for capaz de dar sinais transparentes na escolha de empresas que possam ser licenciadas para realizar determinada actividade em Angola.

Não se pode alimentar a ideia de que empresas angolanas têm de ser levadas ao colo em concursos públicos para "nacionalizar", de forma forçada, bens e serviços. É um pensamento que vai contra todos os discursos do Titular do Poder Executivo e que nenhum angolano no seu juízo perfeito deve aceitar.

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