O sofrimento somou – se ao desespero em muitas pessoas, em Angola. O conceito de “Vida como um princípio inviolável constitucionalmente em Angola”, embora com algum acolhimento prático, não parece ter merecido em Angola alguma construção eficiente e alguma efectivação suficientemente sólida, nem no plano filosófico, nem mesmo no plano moral, ético, religioso ou da vida prática do cidadão em Angola.
Permita – se – nos a evocação de uma experiência pessoal, muito marcante, que nos parece ilustrativa. O grande choque da nossa vida em Luanda relativamente a mudança de Governantes foi a piora de todos os determinantes sociais que emanam alguma dignidade à vida:
Os empregos desapareceram por completo, ou se vasculha no escuro ou não existe nem sequer aos que acorrem à algum método inespecífico;
A vida social do povo ficou cada dia mais pior que nunca, ainda pior que no tempo do ex – Presidente JES, ao ponto de haver muitos indivíduos que dizem que o tempo colonial foi melhor que o hoje;
A catástrofe económica assola à todos ao ponto de degradar a convicção moral do homem jovem e transformá – lo em marginal, que sem emprego tira vidas à pessoas alheias;
Percorre Angola dita democrática, uma nuvem negra anti – democrática aguda e ameaçadora da dignidade da vida do homem angolano. Porém, em vez de se apresentar em volta nos consabidos ademanes totalitários de sinais fortes, paradas, slogans e ideologias, optou – se desta feita pela versão soft, pela acção light, pelo pensamento mascaradamente “débil”, e Angola ficou aterrorizada pelos problemas contemporâneos. Sem alardes, sem parangonas, quase parece em alguns casos “modesta” essa nova pressão social, que generalizou – se como uma guerra de todos contra todos. As suas armas são a falta de dinheiro para o sustento diário, a subida dos preços da sexta básica, a carência social da vida à altura do Morro do Moco. A realidade hoje evidenciada, traduz – se num choque moral tenebroso contra o povo angolano, não é uma mera utopia da verdade, nem sequer um conto de fadas, é a verdade que todos os angolanos sentem na carne e no osso. Ninguém sabe acreditar que vive – se na Angola que sempre aplaudimos ser a melhor de África Austral, e que muito ansiavam tê – la às mãos. Grandes empresárias como Isabel dos Santos, que davam empregos à milhares de cidadãos são corridos como pitbuls afugentam os seus inimigos, Angola ficou órfã de uma engenheira génia em negócios, que sabia dar soluções à tempo, criava formas de fomentar o empreendedorismo (...). É mesmo o descalabro social, a falta de tino que substituiu tudo e a todos nesta terra que nos viu nascer e hoje transformou - se em madrasta em vez de mão, ao não saber dar aos seus filhos o que acorrem em solicitude. O País fez - se num belo barril de pólvora prestes à explodir. Vive – se dos discursos que não alimentam a ninguém, enquanto isso somam – se os problemas como um inferno gratuito à todos, uns tantos vivem bem, outros milhões conjugam o verbo sofrer em todos os tempos gramaticais até ao gerúndio (...), não deixam de ter razão os que acham ser melhor o tempo do colonialismo português que o hoje de JLO, que transformou Angola num inferno gratuito.
Angola transformou – se num belo palco de teatro à todo estilo, com o desemprego convertido numa doença crónica que infecta à todos os jovens, as promessas de 500 mil empregos são mais uma mera frase discursiva que resoluta, dá – se a entender que o compromisso do Governo angolano não é dar emprego aos angolanos, não é combater a criminalidade, é de facto, perseguir os eduardistas e acabar com eles em todos os lados, enquanto o Executivo angolano ensaia a cada dia que se passa a sua peça teatral, o crime em Angola cresce à velocidade da luz, os criminosos tomam espaço de todos os bairros e cidades, transformam Luanda numa terra da barbárie, sem lei e sem justiça, causa fulcral é o elevado índice de desemprego, a profundeza da condição social que degrada ao não poder mais ser a pessoa do angolano, a cada dia que se passa, vive – se os piores dias da história do povo angolano, o sofrimento em Angola anda nu, e entrou em todos os lares, poupando os poucos que existem entre nós em Angola, com as empresas a cerrarem, ninguém sabe pôr um travão nisto.
Fala – se de dignidade como um princípio constitucional, e fala – se ainda da preservação à vida como um princípio inviolável, porém, hoje em Angola, estes princípios violam – se todos os dias, até mesmo ao olhar da polícia angolana, há quem desprovido de lógica exalta ser necessário haver polícia desarmada, como podem ter esse pensamento numa Angola assim? Onde há desemprego como se fosse colónias de vibrião colérico à infectar milhares de pessoas? Onde há criminosos à crescerem aos montes? Onde há derrocada social ao excesso? Com polícias pacíficos que sabem olhar sem agir, teremos pois, polícias menos bravos que os próprios civis que nunca tiveram algum treino para - militar, até então, a prova foi vista nua no Shoprite do Palanca, onde marginais retiraram a vida de uma Kinguila com a polícia às espreitas sem saber agir em nada que acontecia, pela ironia do destino, a população transformou – se em canibais fazendo justiça com as próprias mãos, ao olho da própria polícia angolana, à pedra souberam tirar a vida de dois canibais marginais com policiais armados à assistirem a barbárie à acontecer, essa é a nova angola. Enquanto andam atentos à perseguir o clã de Eduardo dos Santos, Angola corre à profundeza de um precipício inevitável, as calamidades sociais somam – se hoje ao vandalismo dos criminosos, quase que vivemos numa Angola que a mudança à esperar nem sequer de muletas sabe chegar, um conjunto de ataques à figura do ex – Presidente é a missão do novo Executivo, ao passo que a vida dos angolanos, a cada dia que se passa, tornou – se tão miserável ao ponto de milhares de angolanos acorrerem hoje à esmola nas ruas como forma de sobrevivência, outros tantos, é do lixo que têm uma refeição. Que Angola é esta afinal que João Lourenço quer construir? A Angola do sofrimento? A Angola sem lei e sem justiça? A Angola onde a única lei serve para punir homens próximos ao ex – Presidente JES?
Dizia que quer efectivar as promessas do saudoso presidente Agostinho Neto: “O mais importante é resolver o problema do povo”; e que problema já resolveu afinal? As coisas agudizaram – se com JLO no comando, milhares de angolanos migram a cada dia que se passa na Europa em na América Latina, hoje, as pessoas queixam – se mais de fome que outra coisa, o custo da vida sacrifica à todos, ninguém sobra nesta miséria toda que o novo Executivo semeio para o povo angolano, com todos os problemas sociais a multiplicarem – se a cada dia que se passa, a qualidade de vida, tornou – se profundamente deficitária, vai – se à um passo do mal ao pior, ao invés de se resolver os problemas do povo, agudizaram – se todos os problemas sociais do povo, estamos pior que no tempo colonial, aliás, até mesmo nos anos 80 na época da Guerra Fria a coisa não chagara à esse limiar.
HAJA LUZES SOBRE AS TREVAS!
João Henrique Rodilson Hungulo