Segundo o documento, ao qual o Imparcial Press teve acesso, César de Sousa usou sua influência, através da esposa, para pressionar a administração de Cláudio Pinheiro e André Lopes a encerrar o Departamento de Sistemas e Redes de Comunicações do BPC, transferindo a gestão desse serviço estratégico para a empresa portuguesa.
A decisão gerou forte resistência dentro do banco. Técnicos do departamento extinto chegaram a apresentar queixas à Presidência da República, alertando para os perigos de terceirizar a infraestrutura tecnológica do maior banco público do país para uma entidade estrangeira.
Especialistas em cibersegurança consideram que a operação compromete seriamente a proteção de dados sensíveis dos clientes e expõe o sistema bancário nacional a vulnerabilidades operacionais críticas. O Banco Nacional de Angola (BNA) já havia recomendado que os bancos comerciais mantivessem suas bases de dados em território nacional para mitigar riscos operacionais e evitar violações de segurança.
O relatório indica ainda que o custo operacional do departamento interno de tecnologia do BPC não ultrapassava os 10 milhões de kwanzas. No entanto, não há informações concretas sobre valores envolvidos na negociação ou possíveis comissões pagas para garantir o contrato com a BRAVANTIC.
A revelação surge num momento em que Angola enfrenta crescente pressão do Grupo de Ação Financeira (GAFI) para melhorar os níveis de transparência e combate à corrupção nos mais diversos setores. O caso levanta questões sobre a real autonomia das instituições públicas e o grau de influência política nas decisões estratégicas do país.