Numa entrevista concedida em Madrid, para onde viajou logo após as eleições gerais de 23 de agosto, João Lourenço assume com "grande confiança" o desafio de suceder a 38 anos de liderança de José Eduardo dos Santos, que se mantém como presidente do MPLA.
"Apesar das dificuldades, os resultados eleitorais foram bons, e o MPLA tem um grande apoio popular, que encoraja a continuar. Há também grandes dificuldades, a situação financeira é menos boa devido à queda dos preços do petróleo, mas Angola é um país em paz, um país no qual os cidadãos se reconciliaram e esta é uma vantagem em comparação com 38 anos em que meu antecessor era o chefe de Estado, que durante pelo menos 27 anos governou em situação de guerra", declarou João Lourenço, na entrevista à agência espanhola EFE.
"Felizmente, enfrento esta nova fase de paz com espírito, vamos nos concentrar principalmente no desenvolvimento económico e social do país", disse ainda, ao mesmo tempo que, como várias vezes assumiu em campanha eleitoral, prometeu basear a recuperação económica na captação de investimento estrangeiro e "lutar contra a corrupção" e nepotismo em Angola.
"Uma vez ganhas estas batalhas, vai ser mais fácil captar investimento para o país", admitiu.
O MPLA perdeu 25 deputados na Assembleia Nacional angolana nas eleições gerais de quarta-feira, de acordo com os dados provisórios anunciados pela CNE - que são contestados pela oposição, com ameaça de impugnação -, quando estão escrutinados 9.221.963 votos (98,98% do total).
O Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) lidera a contagem nacional, com 4.115.302 votos (61,05%), o que corresponde a 150 deputados (maioria qualificada) e à eleição de João Lourenço para Presidente da República.
Nas eleições gerais de 2012, a última às quais concorreu como cabeça-de-lista do MPLA José Eduardo dos Santos, Presidente da República desde 1979, que decorreram nos mesmos moldes, o MPLA arrecadou 4.135.503 votos, equivalente a 71,80% da votação e 175 deputados, o que na altura já representou menos 16 mandatos.
No plano oposto, a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), liderada por Isaías Samakuva, sobe para 1.800.860 votos e 26,72% do total, com 51 deputados, quando nas eleições gerais de 2012 conquistou 1.074.565 votos (18,7% do total) e 32 deputados à Assembleia Nacional.
Os resultados oficiais só serão divulgados depois de 06 de setembro.