“Decidimos que é importante restaurar a confiança e reconciliar os costa-marfinenses”, afirmou Ouattara à comunicação social numa conferência de imprensa conjunta com Gbagbo, após a reunião no palácio presidencial, em Abidjan, capital económica da Costa do Marfim, citado pela agência noticiosa Efe.
Ouattara saudou o encontro, que, segundo ele, era aguardado pela população “com muita impaciência” e que decorreu de forma “cordial e fraternal”.
“Claro que houve esta crise que criou divergências, mas isso ficou para trás. O que importa é a Costa do Marfim, a paz para o nosso país, para nós próprios e para as próximas gerações”, acrescentou.
Ouattara e Gbagbo decidiram também reunir-se de forma ocasional e integrar outras pessoas nesses encontros com o objetivo de reforçar a coesão e reconciliação nacionais.
Gbagbo disse estar “muito feliz” com este encontro e desejou a realização de outras reuniões semelhantes que “relaxem o ambiente” político e social da Costa do Marfim.
O antigo chefe de Estado insistiu também junto de Ouattara para a libertação dos prisioneiros detidos durante a crise eleitoral entre 2010 e 2011 e que ainda estão detidos.
A reunião realizou-se depois de Gbagbo ter regressado à Costa do Marfim, em 17 de junho, quase dez anos depois de ter sido extraditado para a Haia para ser julgado por alegados crimes contra a humanidade na sequência da crise pós-eleitoral que se seguiu às eleições presidenciais realizadas no final de 2010.
Gbagbo foi preso em 2011 e enviado seis meses depois para Haia para que pudesse ser julgado no TPI.
O ex-presidente foi libertado há dois anos, mas tem vivido na Bélgica enquanto aguardava o resultado do recurso dos procuradores do Tribunal Penal Internacional (TPI).
Uma semana após a absolvição de Gbagbo, Ouattara disse que as despesas de viagem do antigo presidente, bem como as da sua família, seriam cobertas pelo Estado.
Gbagbo recebeu oficialmente quase 46% dos votos em 2010 e mantém uma forte base de apoiantes que alegam ter ficado de fora do processo de reconciliação nos anos que se seguiram à sua expulsão.
O Tribunal Penal Internacional confirmou em 31 de março a absolvição, pronunciada em 2019, de Laurent Gbagbo, considerando-o definitivamente inocente de crimes contra a humanidade e abrindo caminho para o seu regresso à Costa do Marfim.
Em nome da "reconciliação nacional", as autoridades concederam a Laurent Gbagbo dois passaportes, um comum e um diplomático, no final de 2020.