O leilão de uma moradia T7 de três pisos com piscina, sala de jogos, sala de cinema com 11 poltronas, várias casas de banho, uma das quais com sauna e banho turco, e um ginásio, entre muitas outras comodidades, localizada na Quinta da Marinha, em Cascais, terminou na manhã desta quarta-feira, 10 de julho, na plataforma e-leilões.
Colocada em leilão a 5 de junho por um valor base de aproximadamente 9,8 milhões de euros e um mínimo de 8,3 milhões, foi só poucos minutos antes do prazo-limite das 10 horas de hoje, quando a última oferta não chegava ao valor mínimo fixado, que o leilão entrou em estado frenético, com um despique aceso a prolongar o "concurso" por mais 41 minutos, tendo o lance final fixado o valor em 11.177.463,49 euros.
O leilão foi promovido pela justiça portuguesa, que apreendeu a mansão de luxo em 2016 no âmbito da famosa operação Rota do Atlântico, que levou, nesse ano, à detenção dos empresários José Veiga e Paulo Santana Lopes, irmão do antigo primeiro-ministro.
Em causa neste processo, com 21 arguidos e ainda sem acusação, estão suspeitas de corrupção no comércio internacional, tráfico de influências, participação económica em negócio, associação criminosa, fraude fiscal e branqueamento de capitais, em negócios que envolvem Portugal, o Brasil e a República do Congo.
Corrupção com oferta de avestruzes , póneis, mil vacas, viagens, imóveis…
Mas, quem era o proprietário da moradia de luxo agora leiloada? Segundo a investigação, a moradia será de Gilbert Ondongo, ministro das Finanças do Congo.
Ora, a investigação da Polícia Judiciária (PJ) chegou à conclusão que José Veiga era representante no Congo da empresa brasileira Asperbas, que terá corrompido governantes congoleses, entre os quais Ondongo, para obter contratos milionários de obras públicas.
Entre as ofertas estão avestruzes, póneis, mil vacas, um cavalo lusitano, viagens e vários imóveis, entre os quais um apartamento no edifício Trump International Hotel and Tower Condominium, em Nova Iorque, para a filha do Presidente da República do Congo, que o Ministério Público de Nova Iorque quer agora confiscar.
Bentley de Paulo Santana Lopes e Porsche de José Veiga leiloados por 219 mil euros
Quando foi apreendida, a mansão em Cascais ficou nas mãos do Gabinete de Administração de Bens (GAB), do Instituto de Gestão Financeira e Equipamentos da Justiça, que é a entidade que administra os bens que são apreendidos em processos judiciais.
Neste caso, para evitar a degradação do bem em causa, o GAB decidiu, ao abrigo da lei 45/2011, proceder à venda antecipada da moradia.
Estando o processo que inclui a mansão ainda em investigação, determina a lei que os alegados proprietários possam exercer o direito de requerer à autoridade judiciária competente a sua entrega contra o depósito do valor da avaliação do bem, o que não foi feito, pelo que o GAB avançou com o leilão da moradia, ficando o valor arrecadado à sua guarda até que o processo transite em julgado.
De recordar que, em 2016, durante as buscas da PJ a esta mansão, que se situa numa área de 4.800 metros quadrados, foram encontrados três milhões de euros e três milhões de dólares no interior de cofres, instalados em divisões fechadas com portas blindadas.
Entretanto, terminou há poucos dias dois outros leilões promovidos pelo GAB, de um Bentley e de um Porsche, os quais, segundo o Ministério Público, serão de José Veiga e Paulo Santana Lopes, respetivamente, que renderam mais de 219 mil euros. Jornal de Negócios