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Depois das 43 velas, haverá revolução na TPA?!

24 Outubro, 2017

O jornalismo é uma actividade simbólica por excelência, porque o jornalista desenvolve a sua actividade consoante a representação social da sociedade.

O seu trabalho resulta de um conjunto de ocorrências. As reportagens são cópias do mundo empírico, que é já uma cópia do mundo ideal, mas cópia não de espírito, parafraseando Aristóteles. O Jornalista, apropria-se do discurso do político, do escândalo do empresário, do romance do professor com a aluna, da morte trágica causada por um motorista bêbado e reproduzir para sociedade.

Com a invenção do televisor no século 20, ajudou muito na propagação dos trabalhos dos jornalistas. Pois, esta caixa preta passou a fazer parte da nossa vida quotidiana. É um dos utensílios de uso doméstico universal mais consumido, que tem ajudado a revolucionar e transformar profundamente a forma de pensar, sentir, agir e ser das pessoas. Não é à toa que muitos consideram a televisão e outros órgãos de informação e comunicação como quarto poder, visto que ela forma a opinião pública.

Como um pratica costumeira, assistir as notícias nesta caixinha preta tornou-se algo imperativo para mim. Sintonizei logo a “nossa” Televisão Pública de Angola. Por coincidência, o jornalista lia uma missiva do partido MPLA, felicitando as 43 velas apagadas pela mesma estação televisiva, na qual exortava para continuar com seu trabalho com isenção e independência.

 Isenção e independência?! Ouvi e li mesmo bem ou estava a delirar? ephá, como já era muito tarde, talvez estivesse a delirar, seria melhor ir para cama me deitar e descansar um pouco. Portanto, já depois de ter descansado o suficiente e com intuito de me informar nas primeiras horas da manhã o que se passava no país, voltei novamente a ligar o televisor, não se é por ironia do destino, novamente a mesma notícia.

Sou daquele tempo, que a “nossa” Televisão Publica de Angola (TPA), abria sua emissão as 15 horas e encerrava as 22 horas. Não tínhamos opção de escolha. Consumíamos tudo que a mesma nos dava. Se esta informação fosse dada naquele tempo, provavelmente a minha reacção seria outra, não pensaria que estava a delirar.

As práticas diárias no que diz respeito a TPA de informar e formar com isenção e independência distam muito daquilo, que é, a informação da missiva do MPLA. Pois, o exemplo claro foi o tratamento diferenciado nas últimas eleições de 23 de Agosto de 2017. Existe, existiu um tratamento diferenciado da TPA, relativamente ao partido no poder e as demais forças na oposição e algumas organizações da sociedade civil fora do controlo do partido no poder.

Tal facto dá, a percepção que a mesma encontra-se refém do poder político. Sendo condicionada a servir os interesses dos grupos de poder, ocultando ou viciando a informação, dando tratamento parcial aos actores sociais no seu acesso aos meios de informação, monopolizando a tematização política, económica, social e cultural, não praticando o contraditório nomeadamente entre o partido no poder e a oposição ou qualquer outro actor que não seja satélite do sistema de poder instituído, colocando muitos líderes políticos e personalidades nacionais em situação de morte simbólica (CEIC, 2012).

Portanto, com a tomada de posse de novo governo liderado na pessoa de João Lourenço, espero bem que seja o momento oportuno para que haja uma revolução no quarto poder. Como destaca Giddens (2012), os órgãos de comunicação social são meios importantes que auxiliam a democratizar as estruturas da democracia já existentes num Estado. Para tal, é necessário que haja isenção e liberdade na transmissão da informação.

Espero que depois das 43 velas, a TPA, tenha um papel interventivo que promova a estabilidade social, livrando-se da tentação de acirrar divisões (Carvalho, 2008). Espero que as 43 velas apagadas pela TPA sejam para fazer uma revolução de Outubro introspectiva na sua maneira de actuar. Bem-haja Televisão Pública de Angola.

Geovani Dala, Sociólogo

Last modified on Sexta, 27 Outubro 2017 15:41
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