É também indiscutível que a sua governação traiu as expectativas da maioria dos benguelenses, alimentadas aquando da sua nomeação.
Também não há dúvidas que, desde 2013, Isaac dos Anjos tem vindo a somar sucessivos erros de "palmatória", traduzidos em falta de urbanidade - como, por exemplo, tratar sem cortesia os seus inferiores hierárquicos e rotular os governados (benguelenses) de fofoqueiros.
No entanto, há algo que me recuso a subscrever e sobre o qual quase ninguém quer falar. Vou directo ao assunto:
Nos últimos dias, deu-se corpo a um autêntico complô contra Isaac dos Anjos cujo objetivo é simplesmente derrubá-lo do cargo de governador de Benguela. Trata-se, em abono da verdade, de uma conspiração que teve início pouco depois de ter tomado as rédeas da província. Tudo começou com o afastamento dos ditos intocáveis de Benguela. Primeiro, exonerou o brigadeiro Octávio Pinto, um alicate que o ex-governador Armando da Cruz Neto foi buscar à secreta militar para transformar em assessor e cuja missão era simplesmente o de amedrontar, vigiar e “infernizar” a vida dos directores provinciais, administradores municipais e diretores das empresas públicas.
Depois do brigadeiro Octávio, seguiram-se outras limpezas com destaque para Zacarias Camuenho, então director do Urbanismo e Habitação; Amaro Ricardo, então administrador do Lobito; Agostinho Felizardo e Henrique Calengue, nos cargos de vice-governadores.
A seguir fez cortes nos contratos que o governo provincial havia celebrado com as empresas privadas, tendo, por outro lado, afastado algumas empresas que detinham os contratos mais chorudos e que no tempo do general Cruz Neto alimentavam as contas bancárias de vários dirigentes locais.
Isaac dos Anjos terá chamado para si a gestão dos recursos públicos (diz-se que só ele assina as ordens de saque), ao ponto de ser o próprio a providenciar a compra de "papel higiénico" - uma situação que tem vindo a atrapalhar a vida dos seus carrascos (no partido e no governo) que se vêem encurralados com as contas no final do mês.
E quem são os seus carrascos?
São empresários e militantes do MPLA, pessoas que sempre se consideram "benguelenses especiais", mais benguelenses do que os outros, mais militantes do MPLA do que os outros. E independentemente de quem fosse o governador, sempre se sentiram privilegiados. As suas empresas e a dos seus familiares deviam sempre ser contempladas nos grandes contratos das obras públicas. Querem sempre manter a sua influência, tanto no governo como no partido. Em suma, para esses "benguelenses especiais", um bom governador é aquele que satisfaz os seus interesses económicos e políticos. É essa a realidade que ninguém quer falar!
Mas se não for, que atire a primeira pedra quem no MPLA tiver moral para criticar Isaac dos Anjos de má governação e de fazer negócios consigo mesmo