"Temos de estar no parlamento, para literalmente criarmos dificuldades àqueles indivíduos se não estiverem a governar como deve ser", afirmou, em entrevista à Lusa, justificando assim a decisão da UNITA de assumir os 51 lugares na Assembleia Nacional, depois de ter admitido não o fazer.
Raúl Danda sustenta que se a UNITA, maior partido da oposição em Angola, "não tem estado no parlamento e consequentemente na comissão eleitoral, muita coisa se teria passado, a batota teria sido legalizada".
"Se o MPLA ficasse no parlamento sozinho, com uma maioria qualificada que lhe permite modificar a Constituição e alterar as leis a seu bel-prazer, daqui a um pouco teríamos um país onde o roubo e a malandrice ficariam legalizados. É preciso que a UNITA esteja ali", sustenta.
"Eles prometeram mudança, não sei como é que eles conseguem fazer isso, [vamos ver] se vão fazer as coisas bem, se vão combater a corrupção, vamos ver o nepotismo e isso tudo", acrescentou.
O dirigente da oposição considera que "a única forma que a UNITA encontrou de defender os angolanos é estando presente".
"Eles gostam de se sentirem partido único, é preciso que não os deixemos", sublinhou.
A cerimónia de tomada de posse dos deputados eleitos à Assembleia Nacional, nas eleições gerais angolanas de 23 de agosto, acontece no dia 28 deste mês.
Raúl Danda, que em 2015 deixou de ser líder da bancada parlamentar da UNITA para assumir a vice-presidência do partido, vai ocupar o seu lugar na Assembleia Nacional, mas desconhece ainda com que funções.
"A direção do partido logo decidirá", comentou.
Questionado se o líder da UNITA mantém a decisão de sair da presidência do partido, como anunciou no passado, Danda argumentou que Isaías Samakuva "é uma pessoa muito honesta, muito franca, muito reta e cumpre aquilo que promete".
"O presidente do partido há de se pronunciar, na devida altura, sobre o momento da saída, se está a sair, se ainda não", mencionou.
Nesse cenário, Raúl Danda não adianta se avançará para a presidência da UNITA.
"Eu gosto de fazer uma coisa de cada vez. Estou a pensar o hoje, o amanhã vou ver. Eu sou vice-presidente da UNITA, sinto-me bem e vou continuar a dar o meu melhor enquanto vice-presidente da UNITA", referiu.
O responsável recusa a ideia que a UNITA falhou nas eleições gerais angolanas.
"Se o meu Sporting for jogar contra o Benfica e tiver um auxílio do árbitro, é difícil eu sentir-me perdedor, eu fui prejudicado. A UNITA não falhou, infelizmente tivemos uma coligação muito grande a lutar contra nós: MPLA-Comissão Nacional Eleitoral e Tribunal Constitucional", sustentou.
Para Raúl Danda, "foi uma luta bastante desigual".
Angola realizou eleições gerais a 23 de agosto, das quais saiu vencedor o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), com 4,1 milhões de votos (61,08%), maioria qualificada, elegendo 150 deputados à Assembleia Nacional.
A União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), a segunda maior força partidária do país, alcançou 1,8 milhões de votos (26,68%) e 51 assentos parlamentares , enquanto a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE) teve 643.961 votos (9,44%) e 16 deputados.
O Partido de Renovação Social (PRS), com 92.222 votos (1,35%) elegeu dois deputados e a Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA), com 63.658 votos (0,93%), elegeu apenas um deputado.
Concorreu também às eleições o partido Aliança Patriótica Nacional (APN), que teve 34.976 votos (0,51%), sem direito a assento parlamentar.