Abertura da imprensa pública é mera fachada?
Adalberto da Costa Júnior nota que na referida entrevista, além de ter abordado a situação sócio-política do país, falou profusamente do novo ciclo de governação com a eleição de João Lourenço para Presidente da República. Todavia, o político alega que não viu isso reflectido na peça.
“Dei uma entrevista ao Jornal de Angola que foi tratada razoavelmente bem, onde tudo que disse na generalidade saiu, mas a parte em que eu abordei a questão João Lourenço, Presidente da República, para o meu espanto, parece que censuraram”, declarou Costa Júnior quando animava na passada sexta-feira, 03, em Benguela, um encontro de militantes do seu partido.
“Sobre o actual Presidente [da República] não saiu nada, foi tudo censurado. Tudo. Nem uma linha. E me fizeram perguntas objectivas”, exclamou o parlamentar da UNITA, enumerando de seguida o género de questões que lhe foram colocadas e cujas respostas considera diz terem sido objecto de omissões e cortes.
“Qual é a sua opinião sobre o Estado da Nação do Presidente?, falei bastante. Qual é a sua opinião sobre a liderança mais ou menos bicéfala do partido ter chefe diferente do presidente?, também falei muito, mas não saiu nada”, queixou-se o político, para quem esse episódio apenas vem adensar a sua descrença numa mudança tempo recorde da imprensa pública.
Adalberto da Costa Júnior disse igualmente não se lembrar de alguma vez, enquanto foi porta-voz da UNITA, ter visto a sua imagem na primeira página do Jornal de Angola por boas notícias, senão por razões negativas e com fotografias pequenas como ilustração.
Diante da situação, Costa Júnior conclui que se os órgãos públicos mantiverem comportamentos do género, que considera de censura disfarçada, não irão a lado nenhum. “Ainda há muito que se trabalhar para saírem do quadro em que se encontram”, sublinhou.
“Companheiros e amigos se aquilo continuar a imperar na imprensa pública, então estaremos iguais aos anos anteriores. Porque se ontem podíamos criticar tudo menos o Presidente da República, hoje a coisa continua na mesma”, sublinhou.
Apesar da censura que alega ter sido vítima, o político da UNITA elogiou o periódico por ter estampado numa das suas capas uma matéria relativa aos líderes de grupos parlamentares dos partidos da oposição, dando conta da posição dessas formações na actual legislatura. (CA)